Estreia documentário “Bernardes”, montado por Yan Motta, edt.

24.Jun.14 | Com argumento de Thiago Bernardes e direção e roteiro de Gustavo Gama Rodrigues e Paulo de Barros, o documentário “Bernardes” parte da busca de Thiago por entender a trajetória do avô, o arquiteto e urbanista Sérgio Bernardes. O filme tem a participação de profissionais que trabalharam diretamente com Sergio, pesquisadores e familiares, além de visitas aos principais projetos construídos. O neto Thiago investiga o por quê o arquiteto ter sido mantido à margem do cenário arquitetônico brasileiro. Nosso associado Yan Motta, montador do filme, nos contou com exclusividade sobre o trabalho:

“Como nem mesmo a família conhecia direito toda a história de Sergio Bernardes, na ilha de edição meu primeiro trabalho foi de estudo. Tanto de noções da história arquitetura brasileira, quanto do material pesquisado  e cedido pelo acervo da família: plantas, fotos, matérias de jornal, publicações, etc. Essa fase longe do material filmado foi muito importante, para criar uma base segura pra montagem em si. Daí em diante foram alguns meses num processo de arqueologia, combinando depoimentos e acervo pra tentar recriar um pouco da história pessoal e profissional dele. Um processo que pra mim foi extremamente gratificante e transformador, por se tratar de uma figura tão especial como o Sérgio. Foi um diferencial também ter tido tanta liberdade por parte dos diretores (além do próprio Thiago), pra poder mergulhar nesse trabalho desta forma.”

O filme estreia esta quinta, 26 de junho, em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, João Pessoa, Salvador, Porto Alegre e Curitiba.  

Associados edt. agora têm desconto na livraria Blooks

18.JUN.14 | A Comissão de Benefícios da edt. adquire um novo parceiro: a livraria Blooks (no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo). Os associados edt. têm 10% de desconto em qualquer livro, CD ou DVD, basta apresentar sua carteirinha de sócio e estar em dia com o pagamento das trimestralidades. Confira aqui todos os benefícios disponíveis aos associados.

Ricardo Miranda e a experiência do cinema de invenção - texto de Pedro Bento.

06.JUN.14 | "Flaubert: uma maneira de cortar, de romper o discurso sem o tornar insensato" (Roland Barthes - O Prazer do Texto) Ricardo Miranda foi o meu mestre no cinema e a sua partida às vésperas de completar 64 anos me deixou desconcertado. Este relato pretende expor a enriquecedora experiência conceitual e prática na montagem de imagens e sons para o cinema ao longo da colaboração e amizade que cultivamos ao longo destes quase 5 anos em que convivemos. Ricardo dava aulas de Teoria da Montagem na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Era um professor de semblante enigmático e se expressava com poucas palavras. Sua figura grisalha lembrava o velho Orson Welles. Em seus cursos nos apresentava um recorte singular do cinema mundial e projetava filmes que ele garantia que dificilmente veríamos em algum outro lugar... Filmes de Peleshian, Paradjanov, Straub e Eisenstein! 

Defendia a montagem dialética de Eisenstein - que consiste em não considerar as imagens como tijolos em sucessão que erguem a obra como um todo, mas sim pensar o choque dialético: pensar a 3ª imagem formada pela mudança brutal de uma imagem para a a imagem seguinte - no corte seco. Evidenciava a necessidade do pensamento no projeto do cinema de autor brasileiro: em filmes de Sganzerla, Glauber, Bressane e Saraceni! Para a vulgata, era a etiqueta pejorativa do “cinema marginal” - para nós alunos, eram filmes feitos de maneira libertadora e revolucionária - e Ricardo nos mostrava que os filmes eram muito mais do que isso: nos transmitia as leituras e as idéias por trás dos roteiros desses filmes a partir da interlocução e amizade que tinha cultivado com cada realizador. Finalizava dizendo “Estudem!”. Fui chamado em 2011 pela amiga Barbara Vida, a jovem atriz e produtora de seus últimos 2 longa metragens, para participar das filmagens de seu primeiro mergulho sobre a obra de Flaubert: Djalioh - o seu segundo longa de ficção, reescrito por Ricardo a partir do estudo de roteiro que havia conduzido em 1980 com Breno Kuperman. Djalioh conta a história de um cientista francês que vai até o Brasil colonial praticar o perverso experimento de cruzar uma escrava, com um macaco. Da imaginação do jovem Flaubert sobre o Brasil - que escrevera este conto fantástico aos 16 anos - nascia a bizarra criatura Djalioh. O texto carrega um projeto subterrâneo contra a ciência positivista que se praticava na Europa, além de fazer um deboche estarrecedor com a forma literária do romantismo. Através da figura do narrador, penetrávamos nas profundezas da alma de uma criatura bestial, em pensamentos que serviam de bode expiatório onde se reforçava um discurso de crítica dos costumes que seria interditado a um personagem totalmente humano. Nas palavras do crítico Fábio Andrade, "Em Djalioh, as palavras são personagens, como os personagens são palavras". Durante as filmagens eu era ainda muito inexperiente e atrapalhado como assistente de câmera, e trabalhava para o virtuoso fotógrafo Antonio Luiz Mendes. Antonio é um fotógrafo com enorme senso de persistência na busca pela luz e pelo quadro almejados, trabalha com uma enorme seriedade nas horas de filmagem, e é de uma alegria reluzente e jovial nos momentos de intervalo e descanso. Minha inabilidade com o trabalho no set foi compensada com o primoroso trabalho de montagem que tocamos, Ricardo e eu, em minha ilha de edição, ao longo de dois meses, em que encaminhamos Djalioh à sua forma final. Se em aulas Ricardo defendia um corte rápido e veloz, era para que pensássemos ao máximo o exercício do corte, nos propondo mirabolantes desafios que devíamos entregar apressadamente no prazo de uma ou duas semanas, para que o curso seguisse em frente. Trabalhando por dois meses em seu longa, eu aprendia também um outro corte: em um filme que tinha planos que duravam seis... sete... dez minutos, às vezes. O método consistia em suspender as imagens ao limite até que os olhos gritassem "CORTA!", e então entrava o plano seguinte: no corte lacaniano. Então me tornei amigo de Ricardo, e pude conhecer aos poucos a sua vasta obra como documentarista, publicitário e gerente do departamento de interprogramas na TV Brasil. Djalioh teve cerca de dois anos de circulação em quase uma dúzia de festivais. Na vida social, Ricardo era um homem gentil, e sua longa carreira como montador (alguém que trabalha para diretores) pareceu ter solidificado a sua personalidade tranquila de alguém que dificilmente se estressava, na contramão da arrogância voluntariosa que se vê nas biografias dos diretores de cinema. Depois trabalhando, nos momentos mais difíceis, quando o material bruto não parecia oferecer nenhuma solução para a montagem, era fundamental recorrer a suas realizações como montador. A lógica selvagem com que Ricardo trabalhava a montagem está presente de maneira bem pronunciada nos curtas H.O. (1979), sobre Hélio Oiticica, de Ivan Cardoso e O Som ou Tratado de Harmonia (1984), de Arthur Omar sobre a metafísica do som; filmes que Ricardo havia montado ainda no tempo das moviolas. Em 2012, montei o longa de ficção Estado de Exceção junto ao diretor Juan Posada, pela primeira vez sem o constante diálogo com Ricardo Miranda. Nos reunimos com Ricardo com o filme já montado, e seus conselhos foram fundamentais para que chegássemos ao corte final. Ricardo respeitou os fotogramas de nossos cortes e propôs valorosas mudanças na macroestrutura do filme. No ano seguinte, junto à amiga e filósofa Marina Cavalcanti, escrevemos um ensaio intitulado Estado de Exceção - Estado de Espírito que analisava a estrutura narrativa do filme. O texto foi publicado em uma revista virtual italiana e encerra em um agradecimento a Ricardo e a Rosemberg.  

"Neste ensaio confrontamos a forma do filme em questão a uma certa estética. Naturalmente nosso intuito não foi o de transformar a crítica feita a um cinema predominante em uma denuncia formal, mas sim de resgatar alguns dos paradigmas do cinema moderno, sempre tão presentes em filmes que apresentam uma forma desafiadora, e, ao mesmo tempo, tão faltosa neste cinema de efeitos que caracterizamos ao longo do texto. (...) Agradecemos aos realizadores Luiz Rosemberg Filho e Ricardo Miranda, pelos livros de Pasolini que nos foram emprestados, pelas conversas esclarecedoras, e pelo constante empenho dos dois, cada um à sua maneira, de sempre questionar as formas e os limites da linguagem cinematográfica, a cada novo filme".

  Rosemberg, ou apenas Rô, para os mais próximos, tem quase uma centena de filmes-discurso onde às vezes ele próprio, noutras vezes atores e atrizes, declamam manifestos mesclados às suas bricolages, formando um todo de assuntos recorrentes: Rô escreve com poesia e pessimismo ao enunciar repúdio às guerras, fazer críticas aos governos e seus chefes de estado; e com uma admiração contemplativa sem igual, faz um elogio ao cinema, à obra de arte, ao erotismo e à intelecção. As bricolages de Rosemberg são obras de arte que podem ser consideradas à parte, mas que estão também integradas a muitos de seus filmes. Seu primeiro longa metragem, Crônica de um Industrial, foi montado por Ricardo Miranda e fotografado por Antonio Luiz, em 1978, e já carregava todas as tônicas até hoje presentes no cinema de Rosemberg. No ano de 2013, chegou a vez de Ricardo filmar mais um conto da juventude de Flaubert: em Paixão e Virtude, o adolescente criado no estranho ambiente de um hospital já ensaiava para a sua grande obra Madame Bovary, contando a história da conturbada paixão entre uma mulher casada e seu amante. Ao lado da companheira e roteirista Clarissa Ramalho, Ricardo pôde aprofundar a questão do narrador de maneira ainda mais complexa. Em Paixão e Virtude, tem-se a absoluta superação da figura das personagens, e o que cada um dos atores representa são modulações de sentimentos complexos e ambivalentes, evidenciando uma multiplicidade interior dentro de cada persona. Ricardo estabelecia suas parcerias de criação com muito diálogo e amizade, e orientado pela teoria aristototélica da matéria e da forma, ofereceu não o seu filme finalizado, mas sim o conto de Flaubert como matéria para que o músico Fernando Moura executasse a sua transposição. Ricardo estava naquele momento muito mais confiante para suas escolhas: com uma equipe maior, com melhores equipamentos, e um ânimo sem igual. E foi tempo de embarcar mais uma vez em seu maravilhoso set de filmagens, de vê-lo tranquilo e ocupado, constituindo a matéria de seu cinema, transpondo suas vastas pesquisas sobre poetas da imagem, da palavra e dos sons… Com vigorosa montagem de Joana Collier, encadeou-se a forma de Paixão e Virtude: os cortes são como símbolos a serem decifrados, onde o que se vê é um encadeamento certeiro entre a imagem que se oferece e as palavras recitadas no discurso dos personagens-narradores. Coube também a Joana montar o curta autobiográfico de Ricardo, Palavra Exata (2009), que revela a sua relação com o irmão artista plástico Ronaldo Miranda. Para todos nós alunos, parceiros de equipe, amigos, família e apreciadores de seus filmes nas mostras e festivais, Paixão e Virtude parecia marcar a despedida de uma longa e profícua carreira como montador, e o começo, julgávamos nós, garantido de uma vida de realizado. Numa manhã de sexta-feira, Ricardo Miranda não acordou. Ricardo deixou para todos nós uma paixão pelo cinema e, nos dias que se seguiram, tivemos o prazer triste de conhecer grandes amigos e familiares nesta circunstância esvaziante. Hoje, cada um de nós pode contar histórias do Ricardo que ainda não conhecíamos, que nos alegram, e nos fazem seguir em frente, pensando em nossas vidas.      

foto Pedro Bento

        Pedro Bento é estudante de Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Formado em Montagem e Edição de Som pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro, montou os longas de ficção "Djalioh" e "Estado de Exceção".

Documentário sobre Tim Lopes, montado por Joana Collier, estreia dia 5 de junho.

04.JUN.14 | “Tim Lopes – Histórias de Arcanjo” traça um perfil do jornalista investigativo que revelou aos brasileiros uma dura realidade. Conduzido por Bruno, filho de Tim, o filme conta a infância do repórter no Rio Grande do Sul, resgata os seus principais trabalhos e esclarece as circunstâncias de sua execução por traficantes de uma favela carioca, através de depoimentos de parentes, amigos e companheiros de trabalho, além de imagens de arquivo. O filme tem direção de Guilherme Azevedo. Nossa associada Joana Collier, que assina a montagem do longa, nos contou sobre o trabalho: "'Histórias de Arcanjo' foi um processo muito diferente dos outros documentários que eu já tinha montado. A discussão sobre todo o conteúdo foi feita na ilha de edição. Quando entrei no projeto, eles tinham algumas entrevistas já feitas, mas o Bruno, filho do Tim, ainda não tinha se assumido como o personagem principal do filme. Foi um processo duro, porque tínhamos discussões muito difíceis de como trabalhar esse protagonismo sem excessos. Cada dia eles traziam um material novo, novas situações e entrevistas. E assim, fomos discutindo os rumos do documentário até o fim. Os mestres Eduardo Escorel e Ricardo Miranda foram muito importantes para que eu conseguisse chegar a um corte final. Pois com tanta imersão, eles conseguiram trazer de volta o distanciamento crítico que eu precisava para fechar a montagem. Agradeço também a parceria de Nina Galanternick que assistiu uma das últimas versões e deu sugestões preciosas."

Montado por Karen Akerman, o premiado “O Lobo Atrás da Porta” estreia esta semana.

02.JUN.14 | Ambientado no subúrbio carioca, O LOBO ATRÁS DA PORTA é um suspense que conta a história de uma criança sequestrada e o terror que seus pais vivem com essa tragédia. O filme marca a estreia de Fernando Coimbra na direção de longa-metragem e participou de diversos festivais nacionais e internacionais, tendo conquistado importantes prêmios, como os de melhor filme e melhor atriz (para Leandra Leal) no festival do Rio 2013 e no Rencontres du Cinema Sud-Americain de Marseille. Foi premiado também no San Sebastian International Film Festival (melhor filme), no Miami International Film Festival – Knight Competition  (melhor filme e melhor diretor), entre outros. Com produção de Gullane e TC Filmes, o longa foi montado por Karen Akerman, associada da edt. Sobre a experiência, Karen contou recentemente na seção Match Frame: “Por transitar pelo suspense para narrar dois pontos de vista diferentes da mesma história, o filme ganha diversas camadas de interpretação. No roteiro já estava bem delineada essa linguagem, mas foi na montagem que construímos o desenho final para enaltecer os climas e ganhar em tensão.” Com fotografia de Lula Carvalho, o longa tem no elenco Leandra Leal, Milhem Cortaz, Fabíula Nascimento, Juliano Cazarré, Paulo Tiefenthaler, Tamara Taxman, Emiliano Queiroz. O filme entra em cartaz nesta quinta, 05/06, com distribuição da Imagem Filmes, em diversas cidades, entre elas São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Recife.
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