Os incríveis vídeo-ensaios de Kogonada

12.MAI.14 | Quer assistir a vídeos que, através da montagem, apresentam de forma bastante simples elementos fundamentais do cinema de grandes diretores como Kubrick, Ozu e Tarantino? Assista aos vídeos de Kogonada no site. Leia mais detalhes abaixo, na matéria originalmente publicada no site Videoguru, por nosso associado João Velho.
 
Kogonada, nascido em Seoul, Coréia, é conhecido por seus vídeo-ensaios sobre cinema para a web. Atualmente, em paralelo à sua carreira de realizador, colabora para a revista Sight & Sound, que tem site, versões impressa e digital.
O site e a sua página do  Vimeo de Kogonada trazem seus melhores trabalhos, com vários deles escolhidos como destaque pelo staff do Vimeo.
Na sua principal linha de pesquisa, ele busca marcas, assinaturas de estilo de alguns cineastas consagrados. Nos três primeiros vídeos desse post, Kogonada, que é um mestre na montagem, se diverte selecionando e justapondo minuciosamente elementos visuais recorrentes na filmografia do cineasta escolhido, no caso, Stanley Kubrick, Quentin Tarantino, e Vince Gilligan (criador e produtor da série Breaking Bad).
 
O primeiro video-ensaio que apresento é sobre a perspectiva de um ponto fuga no cinema de Stanley Kubrik. O recurso é revelador de traços do estilo preciso, quase matemático, de seus trabalhos, e ao mesmo tempo passa a sensação de mergulho para além dos limites do real.
 

Nesse segundo vídeo-ensaio, Kogonada reúne planos que ele identifica como “From Bellow”, dos filmes de Tarantino.  Os chamados contra-plongês, o ponto de vista dos perdedores, dos mais fracos, que combina bem com seu cinema de anti-herois.
 

Coqueluche dos seriados de TV, de Breaking Bad foram separados planos do tipo POV (ponto-de-vista), muitas vezes com pontos de vista do interior de coisas, de ferramentas, e outras coisas. Passa bem a idéia de estar dentro de um buraco, do qual não se consegue sair, como o personagem não consegue fugir do seu destino de criminoso.
 

Numa variação de sua linha principal de ensaios, no próximo e maravilhoso vídeo que apresentamos acima, o objetivo de Kogonada é decifrar o timing e o estilo da edição neo-realista de Vittorio de Sica. Sempre muito minucioso, ele cria uma comparação de projeções lado-a-lado de um dos filmes de De Sica,Terminal Station ou Indiscretion of an American Housewife produzido por David O. Selznick com estrelas de Hollywood. Na esquerda, o corte de De Sica, na direita o corte do produtor Selznick, que foi exibido nos EUA. Naturalmente, a edição de De Sica é mais lenta, repleta de tempos “mortos”, remetendo ao conceito da imagem-tempo do filósofo Gilles Deleuze, com valorização de figurantes, do ambiente em volta da cena, a cidade como personagem, e esticando o tempo dramático da interpretação dos atores.

Para ajudar a entender sua experiência com o filme Terminal Station, Kogonada cita Jean-Luc Godard: “O único grande problema do cinema parece ser cada vez mais, a cada filme, quando e por que iniciar um plano e quando e por que cortar ele.”

Este último vídeo foi legendado para o espanhol pelos hermanos da associação de editores da Argentina, a EDA