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Estreia hoje “Últimas conversas”, filme póstumo de Eduardo Coutinho, montado por Jordana Berg

07.MAI.15 | “Últimas Conversas” foi o último filme dirigido por Eduardo Coutinho, que morreu em fevereiro de 2014 logo após as filmagens. O filme poderia nunca ter vindo a público, mas o produtor do filme, João Moreira Salles, e a montadora Jordana Berg decidiram encarar a dura tarefa de dar forma ao filme. Ambos eram parceiros de longa data de Coutinho, o que os autorizou com legitimidade a realizar tamanha empreitada. Hoje, dia 7 de maio, o resultado deste trabalho está sendo lançado comercialmente em salas de cinema do Rio de Janeiro e São Paulo.
O documentário é composto de entrevistas feitas pelo diretor com jovens estudantes do ensino médio público no Rio de Janeiro. Nessas conversas, Eduardo Coutinho tenta saber como pensam, sonham e vivem os jovens que entrevista. Em entrevista exclusiva à edt., publicada em 10/04/2015, Jordana conta em detalhes como foi a experiência de montar esse filme. Confira aqui.   A partir de hoje o filme poderá ser visto nas seguintes salas:   RIO DE JANEIRO Espaço Itaú de Cinema – Botafogo; Sala 5 : 13h – 14h50 – 16h40 – 20h20 – 22h Rio Design Barra: Sala 1: 20h Instituto Moreira Salles: 14h-16h-18h-20h Cine Santa: 15h10 Sala Cândido Mendes: 14h30 Cinearte UFF: 17h40   SÃO PAULO Espaço Itaú de Cinema – Augusta: Sala 3: 14h – 15h50 – 17h40 – 19h30- 21h20OBS: Dia 09/05/2015 às 24:00 > Sessão Extra. Cine Livraria Cultura :Sala 2: 18h Cine Sala – SP:Sala 1: 18h20 Caixa Belas Artes – SP:Sala 4: 18h40 Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca: Sala 1: 11h;Sala 5: 14h20 – 16h10 – 20h- 21h50OBS: Dia 09/05/2015 às 11:00 – Sessão Clube Do Professor. Espaço Itaú de Cinema – Pompeia:Sala 9: 14h40 – 18h –19h40 Cinespaço Santos: Sala 2: 15h30 – 19h Cinespaço The Square Granja Vianna – Cotia: Sala 1: 14h30 – 20h   Trailer:

Com montagem de Nina Galanternick, o premiado “Casa Grande” estreia essa semana

15.ABR.15 | Chega aos cinemas na quinta-feira, 16 de abril, o premiado longa metragem “Casa Grande” – estreia na ficção do diretor Fellipe Barbosa. A montagem do filme é assinada pela associada Nina Galanternick em parceria com Karen Sztajnberg.

O longa explora questões de classe e privilégio através da história de Jean, um adolescente rico que luta para escapar da superproteção dos pais, secretamente falidos. Enquanto a casa cai, os empregados têm que enfrentar as inevitáveis demissões.

“Casa Grande”, que tem Marcello Novaes, Suzana Pires e Clarissa Pinheiro, no elenco, recebeu 13 prêmios em festivais nacionais e internacionais, incluindo o de melhor montagem na VII Janela Internacional de Cinema do Recife.

Nina nos falou sobre o processo de montagem:

“A maioria das cenas foram filmadas em planos-sequencia, então uma tarefa importante e demorada era a escolha do melhor take. O material bruto era muito rico e cheio de informações, um grande desafio foi escolher quais informações deixar no filme e quais omitir, oferecendo lacunas ao espectador, mas com muito cuidado para que não se tornassem abismos. Além disso, o Fellipe desenvolveu uma gramática fílmica que é tão forte quanto o conteúdo do roteiro. Esse grau de exigência formal, que nem todos os filmes têm, é o grande diferencial de ‘Casa Grande’, e o que potencializa a história ali contida”.

“Casa Grande” entra em cartaz nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Salvador, Recife, Porto Alegre, Fortaleza e Curitiba, com distribuição da Imovision.

 

 

Trailer:

Últimas conversas de Jordana com Coutinho – contém Spoilers

10.ABRIL.15 | A associada da edt. Jordana Berg teve uma parceria de longa data com o diretor Eduardo Coutinho. Ao longo de 19 anos fizeram mais de 10 filmes. Antes de morrer tragicamente, em fevereiro de 2014, Coutinho tinha terminado as filmagens daquele que viria a ser seu último filme, postumamente intitulado de Últimas Conversas. O filme foi terminado pelo então produtor do filme, João Moreira Salles, e montado por Jordana e sua estreia mundial está sendo durante a 20ª edição do festival É Tudo Verdade (09 de abril em São Paulo e 10 de abril no Rio de Janeiro).

A edt. procurou Jordana para fazer uma entrevista exclusiva sobre o processo de montagem do filme, que envolve nesse caso uma parcela ainda maior de autoria do que ocorre usualmente. Ela convidou a montadora Nina Galanternick, membro da Comissão de Comunicação, para assistir a uma exibição do filme para a equipe e em seguida conversaram sobre o filme, desde questões sobre o método de trabalho de Jordana até as dificuldades em se fazer esse filme sem o seu diretor. A conversa entre as montadoras foi longa, com muitos detalhes do processo que provavelmente vão interessar muito a quem trabalha com edição. Segue abaixo a entrevista, mas ATENÇÃO: algumas coisas só poderão ser compreendidas após o filme ser assistido, e poderão inclusive estragar certas “surpresas” do filme, portanto CONTÉM SPOILERS. Eles estão EM VERMELHO, para facilitar a leitura de quem ainda não assistiu.

Como era o método de trabalho de vocês dois?

O Coutinho filmou esse material em novembro de 2013. Foram 9 dias de filmagem. O material bruto era composto por 32 horas, mais ou menos 30 entrevistas. O processo dele era mandar transcrever o material todo para um caderno com o time code de tudo. Eu recebia esse caderno. A minha versão era digital, e a dele, impressa. Ele marcava neste caderno as coisas que o interessavam, que não era necessariamente o que acabaria entrando no filme. Era como se fosse um primeiro select manual. Ele escrevia coisas ao lado, em geral temas que o interessavam: família, filhos, religião, deus, morte, etc., ou alguma palavra que lhe chamou atenção, alguma frase diferente, descomunal, etc. Eu marcava no meu caderno digital tudo o que me interessava e depois o caderno dele vinha para mim (isso como era sempre antes de ele morrer). E aí eu ia fazendo no computador, numa timeline, uma acomodação entre as minhas escolhas e as dele, no Final Cut. Como trabalhamos juntos de 1995 a 2013, 19 anos, ao longo dos anos meus selects foram ficando praticamente idênticos aos dele. Em Canções, 95% daquilo que ele pré-selecionou foi idêntico ao que eu escolhi, pelo menos numa primeira proposta. Chegando ao Últimas conversas, então ele tinha feito esse select e a gente já estava conversando por telefone. Eu não troquei muito com ele porque eu estava ainda muito no início. Ele estava muito infeliz com o filme, achando que não tinha filme, que deu errado – foi um processo complicado. Então, na verdade, as conversas que a gente teve não foram tão profundas em relação à montagem do filme. Conversamos sobre os personagens, impressões gerais do que eu já tinha visto e impressões dele sobre o que eu ainda veria.

Como foi o processo de trabalho de vocês no Últimas Conversas?

Eu tinha começado a assistir o material e ao falar com ele, eu tinha assistido já a uns 10 personagens, dos 30, e a gente estava discutindo. Inclusive uma coisa engraçada é que ele risca quando não gosta de alguma fala, ele faz um X grande em cima da fala – e teve um X desses que era em uma fala em que ele dizia assim para uma personagem: “eu vou te fazer perguntas, eu sei que não vai dar certo, porque nada comigo tá dando certo ultimamente” – que era o clássico dele – “mas eu vou me comportar como seu eu fosse um marciano que te fizesse perguntas, para quem não está nada dado”. E ele jogou isso fora. Quando eu vi esse material, eu liguei na hora pra ele e falei: “Coutinho, você é louco, você jogou isso fora?” E ele disse: “Não, isso não interessa…” – porque ele tinha uma tendência a não incluir as falas dele no material. As falas que apareciam naturalmente ele deixava, mas teorias e coisas assim ficavam de fora.

Vocês chegaram a tomar alguma decisão sobre a montagem juntos?

Mas você sabe que o Coutinho tem uma linha de trabalho que a gente faz uma regra do jogo no início de cada filme, que é um pouco a premissa daquilo que vai ser assistido. Por exemplo, no Edifício Master, a regra do jogo é uma cena nos corredores com a voz dele em off falando “estamos aqui no Edifício em Copacabana, com tantos apartamentos, x moradores, e eu vim aqui ficar uma semana para conhecer os moradores desse lugar.” Isso basta para o espectador pegar na mão dele e não ter questionamentos inúteis que o impeçam de mergulhar no filme de uma vez, e, ao contrário disso, ficar tentando descobrir ao longo do filme. Em O Fim e o Principio, a regra do jogo é com ele no carro indo, dizendo: “estou indo pra um lugar que eu não sei bem qual é, fazer um filme que eu não sei qual é, sem roteiro, vou buscar uma comunidade que me aceite.” Bem, esse filme, Últimas Conversas, não tinha material pra fazer uma regra do jogo. Então eu falei: “Coutinho, vamos usar essa personagem pra fazer a regra do jogo. Não vai ser uma regra que virá exógena ao material, que você constrói uma cena do corredor com uma voz off. Era a própria junção da cena que existe com a ideia de regra do jogo. Eu falei: “tem essa fala em que fica claro: ‘eu estou fazendo entrevistas com jovens do ensino médio de escola publica, mas eu não estou interessado no tema escolar, eu estou interessado na vida das pessoas.’” E ele falou: “pode ser, se você acha que dá, então dá”. Isso acabou sendo realmente o início do filme. Quer dizer tem um outro início que veio depois, mas inicialmente o início era esse.

Como foi a decisão de continuar o filme sem o Coutinho?

Ele morreu no dia 2 de fevereiro, um domingo. Dia 3 foi o enterro, no dia 4 o João Salles me ligou, pediu uma reunião e perguntou: “o que você pensa em fazer? O que você tem vontade de fazer? O que agente vai fazer? Olha a situação em que a gente está!”. Eu falei para ele que o filme tinha que ser feito, que eu precisava fazer e que não poderia demorar muito porque eu tinha medo do tamanho do meu luto – tamanho em termos de tempo que iria durar e em termos de profundidade. Eu tinha um pouco de medo de não conseguir depois encostar no material. Eu estava com uma certa adrenalina para me defender do choque, e eu falei que tinha que fazer: “acho que as pessoas precisam ver, eu tenho acesso a esse material, eu sou uma privilegiada e eu acho que isso tem que ser urgentemente dividido com todo mundo que gosta dele ou que conhece ele e tal”.

A montagem estava marcada para começar no dia 17 de fevereiro, ele morreu no dia 2, era o tempo que faltava para eu terminar de assistir o material e selecionar as coisas. Então no dia 10 eu comecei a montagem. O João viu o material para que pudesse ser meu interlocutor. Ele não acompanhou a montagem na ilha, nem corte a corte. O primeiro corte que o João viu tinha 2h45min, mas ele conhecia o material, então ele estava em pé de igualdade para debater o filme, me contradizer, concordar, pedir coisas, pra lembrar de situações interessantes e tal. Então eu comecei a montar o filme e foi um processo interessante, porque, como eu tinha tanta, mas tanta, tanta afinação com o Coutinho, é quase como se ele não tivesse morrido. Como se ele tivesse filmado e ido fazer um trabalho em Paris e eu fiquei aqui montando. Eu e o João, a gente brincava que era como seu eu estivesse psicografando o Coutinho. Quando chegamos a um corte que consideramos praticamente pronto, começamos a nos perguntar se o filme que o Coutinho faria seria o filme que deveria ser feito na medida em que ele não o fez. Aparecia então a questão da autoria, afinal de contas esse filme passou a ser nosso por menos que a gente quisesse. Então a gente se perguntou: “como é que a gente pode continuar a fazer um filme que ele faria se ele não o fez?” Tudo bem, tá muito parecido, se fizesse uma comparação anatômica entre o corte que eu fiz e os outros filmes dele, você identificaria o Coutinho ali. Acontece que aquele filme era fruto de uma filmagem do Coutinho com uma montagem e uma finalização não do Coutinho, de outros autores.

Como foi essa virada? Como vocês pensaram esse novo filme?

O processo desse filme tinha sido muito complicado porque ele queria fazer um outro filme que, por razões legais, não pôde ser feito, então ele estava fazendo esse filme em que ele não acreditava. Ele não acreditava em jovens, porque ele trabalha muito a fala ligada à memória e ele acreditava que jovens não lembram, só vivem o presente, que ele não teria o que “tirar” dessas pessoas. Então ele estava muito descrente

E aí , no final do quarto dia de filmagem, me convidaram para ir ao estúdio conversar com ele, já que tínhamos tanta intimidade para ajuda-lo a pensar no filme e no que fazer dali pra frente. E essa conversa foi gravada porque o personagem tinha acabado de sair e eu entrei em seguida, a câmera estava ligada então seguiram gravando. Na montagem, a gente resolveu, eu e o João, que seria mais fiel ao próprio Coutinho a gente incluir o processo no filme do que fazer o filme que ele faria, e assim decidimos incluir essa conversa. Quando a gente decidiu que aquele filme que a gente tinha acabado de fazer não era o filme que deveria ser feito, o João me propôs assim: “vamos fazer uma experiência buscando no material bruto outras coisas que falem mais da vivência que o Coutinho estava tendo do que simplesmente o bate bola com o entrevistado. Ele disse: “vamos editar 20 minutos de filme pra ver se isso se confirma ou se o filme é esse mesmo”. Eu falei: “não tem como! Eu tenho que ver o material todo de novo porque quando eu assisti ao material, eu tinha outro enfoque, eu estava focada no outro, e não no Coutinho”. Então eu comecei do zero. Um projeto novo, uma timeline nova, como se fosse um novo filme. Vi o material todo de novo, focando nisso, no Coutinho, no processo que estava submerso naquelas entrevistas. E assim foi feito.

Eu fiz uma seleção e uma montagem inicial de 3h30, incluindo o making of e outras pequenas coisas. Porque nesse filme, sempre que acabavam as entrevistas – não era uma coisa que acontecia normalmente  mas nesse filme aconteceu, talvez uma coisa premonitória do Jacques (Cheuiche, fotógrafo do Coutinho desde Babilônia) – o Jacques voltava a câmera para o Coutinho que comentava as cenas e dizia o que tinha achado. Então eu tinha um material paralelo ao filme bastante rico. E eu montei milhões de cenas dessas, o filme ficou até menos franciscano do que são os filmes do Coutinho porque tinha cena de bastidores, ele escutando música ele fazendo isso e aquilo. E aí aos poucos a montagem que estava franciscana foi engordando, foi se expandindo se alastrando se colorindo. Eu botei várias cenas de making of, que algum dia vão vir à luz em um DVD, porque são cenas bonitas, algumas poéticas, mas era fetiche do astro, fumando, com luz atrás, ele xingando, dando os ataques dele. Mas a gente chegou a conclusão de que esse material (o making of) não era a percepção do processo real, que aquilo era um fetiche, e então fui tirando cenas e o filme foi retornando ao seu estado de precariedade.

Quando eu apresentei o corte para o João, a minha censura já tinha limpado muito, praticamente tudo. Aí o João deu uns três tapas que fez cair o pouco que eu achava que não era tão fetiche, mas que era. E aí a gente incluiu essa cena inicial da minha conversa com ele e algumas pequenas coisas que são de fala do Coutinho, mas não se vê ele em quadro, e que traziam um pouco do processo da filmagem, do drama como um todo e do próprio processo dele de fazer esse filme. Então o filme recebeu a cena inicial da nossa conversa, que a principio o Coutinho jamais teria querido, ele não pediu nem pra decupar. Era um material que não tinha nem transcrição, que não tinha nenhuma possibilidade de entrar no filme se fosse nas mãos do Coutinho.

Como vocês resolveram a questão da autoria do filme?

A gente falava assim: “como é que a gente vai explicar que esse filme é um filme filmado pelo Coutinho e finalizado por duas outras pessoas?”. Então eu tive uma ideia de no início do filme, quando entra o título, colocar também um crédito: dirigido por Eduardo Coutinho, montado por Jordana Berg, terminado por João Moreira Salles. Se você pegar todos os filmes dele que eu participei desde Santo Forte, não existe crédito do Coutinho no início de nenhum deles, muito menos meu ou de qualquer membro da equipe. Mas nesse caso o crédito faz um papel narrativo de contar sobre o processo. É como se fosse uma fala de como esse filme foi resolvido.

Você montou esse filme em quanto tempo?

Foram 10 meses de montagem. Eu acabei a montagem no dia 12/12/14. E nesse período eu fiz muitos outros filmes porque eu não suportava ficar 5 dias vendo o Coutinho. Cada dia que eu trabalhava no filme do Coutinho, dificilmente eu conseguia me recuperar pra fazer outra coisa naquele dia. E eu não conseguia trabalhar muitas horas seguidas. Eu trabalho na minha casa, trabalho com headphone, eu não aguentava ouvir a voz do Coutinho o dia inteiro. Então eu ia trabalhando devagar e intercalando com outros filmes.

E como foi para você? Você já foi analista antes? (risos)

Não eu já fui louca (risos). Esse material tem 68 minutos, é incrível, porque o que eu fiz ali, que dá pra ver um pouco, é a tentativa de ajuda-lo a descobrir como chegar naquelas pessoas, porque ele dizia que não estava tendo acesso a elas.

Você dá a chave do problema logo no início, quando você fala que a curiosidade é a ferramenta dele para conseguir que os personagens falem.

Essa é a parte que eu mais gosto. Quando ele diz: “eu só posso dar os olhos e o corpo”. E eu perguntei: “mas você está dando, mesmo?”. Esse material bruto é muito incrível, que termina com ele falando “Corta!”. Isso foi uma coisa que não foi exatamente discutida com o João, ficou meio que automaticamente, mas que me passou pela cabeça, quando eu estava montando esse pedaço. O fato dele dizer “corta” coloca em jogo toda aquela conversa como sendo encenação. No final, quando ele fala “corta” ele bota em questão tudo de novo e eu fiquei em duvida se eu deixava esse “corta”. Se eu tivesse tirado, teria deixado aquela cena como algo captado, roubado e ali, você mantém o comando dele, mesmo botando ele numa situação terrível de derrota, de fracasso, ele ainda assim está no comando, com aquele pequeno “corta”.

Existe uma razão para isso eu acho. A minha intuição – aí entra a parte do tanto que eu conheço ele – era: quando a gente estava fazendo Moscou – Moscou era um filme que também estava sem caminho, mas diferente deste, estava sem caminho durante a montagem – ele não dirigiu, porque era o Kike Diaz que dirigia, ele filmou o Kike Diaz dirigindo a peça Três Irmãs. E ele se viu com um material como se não pertencesse a ele, não era documentário, não era ficção, a gente não sabia o que fazer com aquilo, a gente fez um corte de 4h40 e mandou para uma pessoa que falou assim: “esse filme tá fracassado! Por que você não abre a câmera e fala isso, faz um cenário parecido e fala sobre o fracasso do filme, seria um depoimento ao longo do filme”. E na minha cabeça quando a gente estava conversando, eu acho que passou pela cabeça dele isso, essa fala dessa pessoa: “por que você não vai na frente da câmera dizer que você fracassou?”. E ele foi.

Como ele foi parar na cadeira do entrevistado?

Quando eu cheguei no estúdio ele estava entrevistando a última personagem do dia que estava naquela cadeira dos entrevistados, e ele estava atrás da câmera, sentado na cadeira do diretor. Me sentei na cadeira, a gente começou a conversar e uma hora ele falou assim – dentro da nossa tentativa de descobrir como abordar os jovens naquele filme: “sabe o que eu vou fazer? Eu vou sentar na cadeira do entrevistado e vou inverter o jogo! Vou falar  para o entrevistado me entrevistar. O personagem vai sentar aqui onde eu tô e vai me fazer as perguntas que ele quiser, sobre a minha vida, sei lá?” Aí eu falei, na hora: “então vamos fazer isso agora, vamos trocar de lugar”. E a equipe inteira apoiou: “troca, troca!”. Então agente trocou, tem isso filmado inclusive, eu e ele trocando de lugar. Ele realmente incorporou alguma coisa a partir do momento em que ele foi para a frente da câmera – apesar dele estar naquele nível de derrota, que é uma situação que ninguém gosta muito de se ver – ele tinha consciência disso, de que estava imprimindo a derrota dele.

Mas não era um entrevistador qualquer, era você, a montadora dos filmes dele. Tem uma brincadeira em nosso meio profissional de que a ilha de edição às vezes vira divã. Ele ter assumido essa postura, não teria a ver com a relação que vocês têm?

Dentro da concretude toda, era comigo que estava acontecendo aquela conversa, fui eu que propus a troca. Eu acho que ele estava se sentindo verdadeiramente sem saída, que ele estava topando coisas que não faziam nenhum sentido, que podem até fazer sentido depois, mas que ali era “vamos brincar de trocar de cadeira? Vamos!”. Ele foi dócil. Eu não fiz uma entrevista propriamente com ele, a gente ficou conversando sobre o que poderia fazer, o que poderia perguntar, a situação daqueles jovens. Mas acho que isso não tem a ver com montagem. Eu não fui chamada como montadora para ir ao set, fui como profunda conhecedora dele, e como alguém a quem ele escutava. Como ele me escutava na montagem ele me escutaria ali também. Mas nossa relação ultrapassou o trabalho. A gente se via toda semana, o ano inteiro, durante 19 anos.

Nesse filme os personagens são mais longos do que habitualmente, né? Por quê?

A gente costumava dividir os personagens entre peões, bispos e rainhas. Os peões são personagens bem curtos que entram para ajudar a narrativa ir para frente, os bispos são personagens mais fortes, mas que não são extremamente luminosos, em termos de tamanho são médios. E as rainhas são os grandes personagens, aqueles que duram um bom tempo, tipo a D. Tereza do Santo Forte. E mesmo as rainhas e reis dos outros filmes tinham uma duração menor em termos de tempo, e nesse filme o Coutinho falou isso pra mim nas nossas conversas na semana anterior à sua morte: acho que esse filme deveria ter uns 8 ou 10 personagens grandes. Em princípio, não levei isso em conta como regra mas na prática foi o que aconteceu. O filme tem 10 personagens e são realmente grandes. Só poucos personagens são pequenos, 2 ou 3. Tinha outros personagens que poderiam ter ficado no corte e eu teria que encurtar todos os outros, mas foi uma decisão a de fazer personagens mais longos, estendidos, que você compensasse a teórica falta de memoria com duração.

Quem é a rainha desse filme?

Pra mim a rainha supra sumo, em quem eu trabalhei muito e que já foi muito maior, mas que ficou muito desequilibrado, é a Pamela Luana, a que canta. E a menininha é a suprema, a rainha suprema única e ela ficou desde o inicio do projeto depois que o Coutinho morreu. Provavelmente, no filme do Coutinho ela não ficaria. Existia um projeto de talvez fazer um filme com as crianças, aquilo era um exercício do que poderia ser. Então ela não iria participar desse filme dele, mas quando ele morreu uma das minhas primeiras conversas com o João foi que essa menina fecharia o filme, ela é o futuro.

Você fez a montagem por personagem? Internamente, seguem a ordem cronológica dos depoimentos?

Montei por personagem e na ordem da filmagem. Como eu não tinha nenhum critério para escolher eu fiz assim. Eu acho que a base é cronológica, como em todos os outros filmes dele, era sempre o chão do personagens, mas com pequenas alterações para melhorar a compreensão de algum item, por exemplo, quando as informações estão afastadas na entrevista, a gente aproxima na montagem.

Qual é critério para deliberar aquilo que vai ser deixado de fora da montagem?

A primeira etapa que faz o material secar sozinho é a etapa ética. Esses meninos todos falam muitas coisas que a mãe, que estava atrás do set, não teria permitido eles falarem, ou que eles poderiam se arrepender quando crescessem mais. Então são coisas incríveis, divertidas, emocionantes mas que não passaram por essa primeira peneira, que já derruba uma parte grande do material bruto. E depois tem um funcionamento um pouco dramatúrgico, a gente vai escolhendo de acordo com as nossas subjetividades. Quando eu trabalhava com o Coutinho – as minhas subjetividades são muito diferentes da dele – a gente discutia a partir de coisas virtuais: “eu sou judia isso tem a ver comigo por isso”, “não, eu não gosto de tocar nesse tal assunto porque me faz mal”, “não gosto desse tipo de tema” ou “essa pessoa me irrita”. Coisas variadas que não têm uma razão profunda para existir. Por exemplo, a segunda personagem, tinha um material muito vasto dela, muito divertido, mas era tão surrealista, que ela ficava parecendo um pessoa louca, borderline, o Coutinho tinha inclusive derrubado ela. A gente recuperou essa personagem, montei de forma hiperbólica, e fui secando, para ela se tornar uma pessoa minimamente crível. Não que um filme não possa apresentar alguém louco, mas ela não era louca, apenas que a soma das falas dela traziam essa sensação de uma pessoa louca.

Como foi a escolha dos personagens?

Tem os personagens que caíram. A gente como montador sempre tem saudade de algumas coisas que caíram. Para o diretor você mente: “vai estar tudo no DVD!”, mas pra mim não interessa, o DVD não me pertence, o que me pertence é o filme. Então tem personagens que caíram e outros que tinham que ser reduzidos, e foram escolhas tipo cortar na carne. Tiveram muitos personagens que caíram na primeira montagem, mas na segunda renasceram, e que caíram novamente. Eu acreditei neles exatamente porque eles tinham dado errado na primeira, eram os personagens ideais pra um filme que trata do fracasso. Então eles foram até mais valorizados na remontagem, mas eram pessoas que não falavam ou que falavam coisas que não faziam sentido ou excessivamente histriônicos ou excessivamente desinteressantes. No final, essa lógica não se sustentou. Não dava pra fazer um filme ruim com os personagens menos interessantes para mostrar que o filme não estava dando certo. Então isso foi um caminho para eu pesquisar onde, no material bruto, estaria este processo do filme, durante a segunda montagem.

Existiu uma deliberação em não dar todas as informações, para que o espectador possa imaginar ou a informação é importante?

O Coutinho, apesar de ser um cara ultra-sofisticado e ter um nível de subjetividade muito grande nas coisas que ele pensa e faz, ele é muito concreto, então a gente em geral não trabalha com essa lógica do que vai dar para o espectador ou não. Ele quer que a história fique clara, isso é uma preocupação muito firme. Ele não tinha a preocupação de ser estiloso: “ah! Vou esconder isso pra dar mais na frente…”. Em outros filmes que eu monto isso é muito visível, uma tentativa pelo menos, de que não esteja tudo entregue, pronto, para que a pessoa possa completar, com a imaginação e com a conta que ela é capaz de fazer a partir das informações que ela recebeu ao longo do filme. O Coutinho queria contar, ele investia em tudo o que pudesse manter a pessoa no filme coesa, comovente. Então era menos a linguagem, o jogo de puzzle, era mais concreto. E as perguntas dele eram muito concretas, né?

O Coutinho tinha uma preocupação dramatúrgica: “não vou colocar duas pessoas chorando perto, não vou botar duas pessoas que brigaram com o pai perto”. Ele tinha preocupações de não casar coisas muito primárias, muito óbvias, especialmente no fim de um personagem e no início de outro. A gente fazia juntos uma composição dramatúrgica, que tivesse ritmo e os peões serviam para isso, entre uma rainha e outra ou entre rainha e um bispo tinha um peão ou dois. Inclusive na montagem, a gente tinha um quadro, onde cada um tinha um cartão com uma cor diferente, assim a gente visualizava rainha, bispo, etc. Raramente você vê num filme dele duas rainhas seguidas .

Como foi pensada a montagem entre os personagens, a entrada e saída deles, por exemplo?

Quando eu montei os personagens avulsamente eu montei todos com a entrada e a saída em cena. Pensei que seria na economia geral do filme que eu iria definir quem ficaria com porta e quem ficaria sem porta. E é sutil, quase não aparece um trabalho sério que foi feito ali, mas eu fiquei séculos estudando o tempo em que a porta fica antes da pessoa entrar e depois dela sair. A porta que fica aberta no final, por exemplo, o Coutinho fala: “deixa a porta aberta” para a entrevistada. Na montagem, eu deixei a porta aberta durante um tempo que seria o suficiente para ser o final do filme. Se você olhar o Jogo de Cena ele termina com o cenário e as cadeiras. Então essa cena ficou com a cara de fim de filme, já dava tempo de você ter pego seu celular, ter pego a bolsa… Depois de um tempão da porta aberta, vem o corte para a próxima menina, a cena começando já com a maçaneta sendo aberta, não tem o tempo de espera que em geral os outros personagens tinham antes de entrar em cena. A ideia era de dar um susto na pessoa. Como a gente faz quando está montando ficção, que a gente quer dar um susto sonoro. A gente esvazia o máximo o corte anterior e preenche ele de silêncio, para que o som que chegue, chegue como uma quebra verdadeiramente impactante. Então o corte foi influenciado por essa ideia de dramaturgia: quando você pensa que acabou o filme, aí de repente não, bu!!!!, aí vem uma pessoa reduzida. (risos) E a ideia de ter a menina como último personagem nasceu antes da ideia do Coutinho ser o primeiro personagem, mas no computo geral ficou isso: você começa com o fim e acaba com o princípio, você começa com o fracasso e termina com a gloria.

Quando você fez a remontagem, após a morte do Coutinho, muitas coisas devem ter ganhado um significado muito forte, pois nessa nova perspectiva os temas como vida/morte, pai/filho, loucura/sanidade têm outro impacto, né?

Isso foi muito tenso na montagem pra mim, porque, se você olhar os outros filmes dele, o Coutinho fala de morte em todos filmes a cada 10 segundos, não é uma coisa que foi inventada com a morte dele. Mas nesse filme, eu sabia que eu não podia tratar aquilo com ironia, como a gente tratava: “ah! Eu vou morrer amanhã!”. Eu sabia que cada palavra nesse sentido tinha um peso muito grande e muito perigoso. Saíram muitas coisas que em outro momento seriam uma brincadeira, uma ironia, mais uma gracinha mórbida do Eduardo Coutinho. Mas isso foi realmente uma coisa que ficou muito na minha cabeça e muita coisa foi suprimida.

E agora?

Agora que o filme está entregue ao mundo, que ele passou a pertencer a todos, é seguir com o Coutinho dentro de mim.

Filmes no É tudo verdade editados por associados da edt.

O festival É Tudo Verdade chega à sua 20º edição em quatro cidades, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, consolidado como parâmetro essencial para o gênero do documentário.

O evento abre para o público no dia 09 de abril em São Paulo, dia 10 de abril no Rio de Janeiro, 29 de abril em Belo Horizonte e 27 de maio em Brasília.

O saudoso diretor Eduardo Coutinho (1933-2014) será homenageado e seu documentário final “Últimas Conversas”, montado pela associada Jordana Berg, será o filme de abertura em sessão para convidados no Rio e em São Paulo.

Os associados da edt. mais uma vez têm forte presença no festival assinando diversos filmes. Confira:

Jordana também montou dois longas em em competição “Caminho de volta”, de José Joffily e Pedro Rossi e “Eu sou Carlos Imperial”, de Renato Terra e Ricardo Calil.

Na mostra competitiva de curtas, o associado Arthur Frazão assina a montagem do curta “Caetana”, dirigido por Felipe Nepomuceno e que estará em cartaz nos dias 15 e 19 de abril em São Paulo e 16 e 17 de abril no Rio

O associado Vinicius Nascimento assina a montagem do curta “De Profundis”, dirigido por Isabela Cribari, que também compete na categoria de curta-metragem, estará em cartaz nos dias 12 e 19 em São Paulo e nos dias 14 e 16 no Rio

Na mostra Estado das Coisas,”Estrada de Sonhos”, o longa dirigido por Pedro von Krüger também foi montado por Arthur Frazão. Será exibido nos dias, 11, 13 e 15 em São Paulo e 17 e 19 de abril no Rio.

O filme Geraldinos, que é dirigido e produzido pelos associados Pedro Asbeg e Renato Martins será exibido nos dias 15 e 16 em São Paulo e nos dias 16, 17 e 18 no Rio, na mostra Estado das Coisas.

“Dominguinhos” está na mostra documentários musicais, foi montado pelo associado Joaquim Castro e dirigido por ele, Eduardo Nazarian e Mariana Aydar.

Confira a programação em: http://etudoverdade.com.br/br/programacao/

Longa com montagem premiada de Karen Harley em cartaz

27.NOV.14 | “Os Amigos”, quarto longa-metragem da diretora Lina Chamie, segue na segunda semana em cartaz nos cinemas. A montagem da associada Karen Harley foi premiada na edição de 2013 do Festival de Gramado.

O filme acompanha um dia na vida de um arquiteto de São Paulo que acaba de perder um amigo de infância. No funeral, ele relembra seus amigos e reflete sobre a existência.
No elenco, Marco Ricca, Dira Paes, Sandra Corveloni, Rodrigo Lombardi, Alice Braga, Caio Blat, Fernando Alves Pinto, Otávio Martins e Maria Manoela.

Karen Harley comenta sobre o trabalho: ”Quando Lina me chamou pra montar  Os Amigos, antes de começar as filmagens, ela me disse que não queria música nesse filme. Mas assim que assisti ao material bruto, não consegui imaginar o filme sem música. Queria acrescentar uma camada, que acabei chamando de loucurinhas, que desse mais leveza ao filme. E também queria provocar mais a Lina musicista, com um ouvido incrível e um conhecimento fascinante em música clássica. Eu tinha certeza que ela iria achar a música ideal pra essa loucurinhas. Pedi pra ela me mandar umas peças; ela me mandou, entre outros, Camille Saint-Saens, Grieg, Britten, decidida a não usar nenhuma música, mas me dando total liberdade para experimentar o que fosse. Acabou entrando totalmente no jogo sutil das loucurinhas. Mas a melhor coisa em montar  Os Amigos foi o encontro e a troca que tive com Lina Chamie, que hoje é minha amiga.”

No Rio, o filme pode ser visto em sessões únicas no Espaço Itáu de Cinema e no Espaço Rio Design.

 

Trailer:

Irmã Dulce, montado por Tainá Diniz, estreia dia 27 de novembro

27.NOV.14 |“Irmã Dulce” narra a trajetória da beata indicada ao Nobel da Paz e chamada em vida de “Anjo Bom da Bahia” graças a sua dedicação abnegada aos necessitados, doentes e miseráveis. Capaz de atravessar Salvador de madrugada para amparar um menino de rua ou de pedir dinheiro a políticos em pleno palanque, Irmã Dulce enfrentou o preconceito, o machismo e os dogmas da igreja, além de sua própria doença respiratória, para construir sua obra social. Candidata à canonização, a religiosa reúne três qualidades definidoras dos brasileiros: fé, alegria e obstinação.

O filme foi dirigido por Vicente Amorim e montado por nossa associada Tainá Diniz (montagem adicional de Manga Campion e Eduardo Hartung, assistência de montagem de Rodrigo Ambar e Clarice Mittelman).

Tainá Diniz nos contou com exclusividade sobre o trabalho:

Uma característica importante do processo de edição do Irmã Dulce foi lidar com o prazo. Devido a data de lançamento, tínhamos um tempo determinado e curto para editar. Então abrimos mais frentes: uma em São Paulo, com o Manga, e outra no Rio, com o Edu, ambos focados em trechos específicos. Contamos também com dois assistentes e uma planilha para organizar tudo!

O que parecia um fator limitante acabou sendo uma das melhores surpresas do processo. Trabalhar com uma equipe grande foi um catalisador de idéias. Nossa troca de impressões e sentimentos fez com que o filme levasse o melhor de cada um. Ganhamos ao ter uma equipe integrada, dedicada e sincera.

Trailer:

edt vai premiar melhor montagem de invenção na Semana dos Realizadores

19.NOV.14 | A edt e a Semana dos Realizadores selam uma parceria nesta sexta edição do festival. Uma comissão indicada pela diretoria da edt. vai conceder o Prêmio edt. – Ricardo Miranda de Montagem de Invenção para longas-metragens e curtas e médias-metragens em competição no festival, que acontece de 20 a 26 de novembro.

A diretoria indicou para compor o juri um nome integrante da diretoria atual, Vinicius Nascimento, um nome da diretoria anterior, Nina Galanternick, e um nome dentre os associados, Joana Collier. O trio terá a responsabilidade de conceder esse prêmio às montagens que melhor expressem sua potência inventiva.

O festival tem por regra oferecer 2 prêmios, respectivamente, ao melhor longa-metragem e melhor curta ou média-metragem, e além desses há 3 prêmios que podem ser concedidos pelo juri de acordo com sua avaliação. Agora, o prêmio edt. garante à montagem uma premiação permanente.

O prêmio edt.- Ricardo Miranda, além de ser  uma homenagem ao querido Ricardo Miranda, mestre da montagem de invenção, que nos deixou este ano, é também uma iniciativa de promover o reconhecimento do trabalho de nossos pares e divulgar nosso ofício.

“Considero o montador um autor – reflito e vejo o cinema do Brasil, atualmente, como um cinema pequeno, com um grande desamor para com os inventores. Donos de uma força monumental, de um vontade de jogar para as plateias filmes de significação, aposta, sentido, emoção, beleza, audácia, coragem e generosidade.” Ricardo Miranda

Confiram abaixo a lista dos concorrentes!

 

Longas-metragens em competição

A misteriosa morte de Pérola

62 min. digital. 2014. CE.

Direção: Guto Parente

Montagem: Guto Parente

23/11 – 19h

A vizinhança do tigre

95 min. digital. 2014. MG.

Direção: Affonso Uchoa

Montagem: Luiz Pretti, Affonso Uchoa e João Dumans

20/11 – 21h30

Batguano

75 min. digital. 2014. PB.

Direção: Tavinho Teixeira

Montagem: Arthur Lins

21/11 – 19h15

Brasil S/A

70 min. digital. 2014. PE.

Direção: Marcelo Pedroso

Montagem: Daniel Bandeira

25/11 – 21h30

Com os punhos cerrados

74 min. digital. 2014. CE.

Direção: Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti

Montagem: Clarissa Campolina

21/11 – 21h30

Dromedário no asfalto

84 min. digital. 2014. RS.

Direção: Gilson Vargas

Montagem: Vicente Moreno

25/11 – 19h15

Ela volta na quinta

118 min. digital. 2014. MG.

Direção: André Novais Oliveira

Montagem: Gabriel Martins

24/11 – 21h30

Flutuantes

75 min. digital. 2013. RJ.

Direção: Rodrigo Savastano

Montagem: Júlia Bernstein e Rodrigo Savastano

20/11 – 19h15

Noite

80 min. digital. 2014. RJ.

Direção: Paula Gaitán

Montagem: Paula Gaitán

24/11 – 19h15

Sinfonia da necrópole

85 min. digital. 2014. SP.

Direção: Juliana Rojas

Montagem: Manoela Ziggiatti

19/11 – 21h30

Urihi Haromatipë – Curadores da Terra-floresta

60 min. digital. 2014. RO.

Direção: Morzaniel ƚramari Yanomami

Montagem: Pedro Portella, Julia Bernstein e Morzaniel

ƚramari Yanomami

22/11 – 19h

Ventos de agosto

77 min. digital. 2014. PE.

Direção: Gabriel Mascaro

Montagem: Ricardo Pretti e Eduardo Serrano

23/11 – 21h

 

Curtas e médias-metragens em competição

A máquina do tempo

5 min. digital. 2013. Brasil/Alemanha.

Direção: Gustavo Jahn e Melissa Dullius

Montagem: Gustavo Jahn e Melissa Dullius

25/11 – 19h15

Aquele cara

19 min. digital. 2013. CE/MG

Direção: Dellani Lima

Montagem: Dellani Lima, Ana Moravi

20/11 – 19h15

Arquipélago

28 min. DCP. 2014. Brasil/Chile

Direção: Gustavo Beck

Montagem: Ernesto Gougain

23/11 – 21h30

Karioka

20 min. digital. 2014. MT.

Direção: Takumã Kuikuro

Montagem: Takumã Kuikuro

25/11 – 21h30

Nada é

32 min. digital. 2014. CE.

Direção: Yuri Firmeza

Montagem: Frederico Benevides

23/11 – 19h

Nova Dubái

56 min. digital. 2014. SP.

Direção: Gustavo Vinagre

Montagem: Rodrigo Carneiro

22/11 – 23h30

Retrato n. 1 Povo acordado e suas 1.000 bandeiras

5 min. digital. 2013. MG.

Direção: Edu Ioschpe

Montagem: Edu Ioschpe

21/11 – 21h30

Rua de mão única

10 min. digital. 2013. MG.

Direção: Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado

Montagem: Tiago Mata Machado

24/11 – 19h15

Si no se puede bailar, esta no es mi revolución

16 min. digital. 2014. Brasil/Cuba.

Direção: Lillah Halla

Montagem: Angela Waimai

19/11 – 21h30

Vailamideus

8 min. digital. 2014. CE.

Direção: Ticiana Augusto Lima

Montagem: Ticiana Augusto Lima

22/11 – 23h30

Vertières I, II, III

10 min. digital. 2014. RJ.

Direção: Louise Botkay

Montagem: Louise Botkay

22/11 – 19h

Vistas e visões

14 min. digital. 2014. SP

Direção: André Francioli da Conceição

Montagem: André Francioli da Conceição

21/11 – 19h15

edt. marca presença na Semana dos Realizadores

17.NOV.14 | A Semana dos Realizadores chega à sua sexta edição no Rio, se firmando como uma das principais vitrines da atual produção brasileira de invenção em curtas, medias e longas metragens.

O evento abre para o público nesta quinta, dia 20, no Espaço Itaú de Cinema e apresenta, em meio à sua programação, alguns filmes montados por associados da edt.

Em competição, “Flutuantes”, longa dirigido por Rodrigo Savastano e montado pelo diretor e por Julia Bernstein (ambos associados), será exibido no dia 20 às 19h15. O filme é um ensaio documental sobre a liberdade em seus aspectos mais afirmativos: criação, autonomia, sonho, prática, moradia, política e pensamento.

Julia Berstein também montou, com Pedro Portella e Morzaniel ƚramari Yanomami, o longa “Urihi Haromatipë – Curadores da Terra-Floresta”, de Morzaniel ƚramari Yanomami. O filme passa em sessão competitiva dia 22 às 19h.

“Claun (Parte 1: Os dias aventurosos de Ayana)”, é o primeiro episódio de um projeto transmídia do diretor Felipe Bragança. A série foi montada pela associada Marina Meliande, e narra uma semana na vida de uma menina tragada pelo mundo das gangues de mascarados do carnaval carioca. Sessão especial dia 26 às 17h.

O associado Vinícius Nascimento é o montador de “É Tudo Mentira”, um filme do coletivo mídia ativista ¡No pasarán!, que tem com foco central a guerra midiática em torno dos protestos no Brasil em 2013. Sessão dia 25 às 17h.

A mostra especial Mestres presta homenagem ao diretor Luiz Rozemberg Filho. Seu mais recente longa-metragem, “Dois Casamentos”, montado pela associada Joana Collier, terá sua pré-estreia no dia 26 às 19h. O filme gira em torno de duas personagens femininas, que conversam sobre a vida, o afeto e o casamento.

A edt. ainda estará presente em outras atividades da semana, que divulgaremos em breve. Confira a programação em http://www.semanadosrealizadores.com.br/site/programacao/grade/

Montagem de Nina Galanternick premiada em Recife

04.NOV.14 | A sétima edição do Janela Internacional de Cinema do Recife realizou sua cerimônia de premiação no ultimo domingo, dia 2 de novembro. A associada da edt. Nina Galanternick e Karen Sztajnberg receberam o prêmio de melhor montagem por “Casa Grande”, longa de Fellipe Barbosa.

Sobre a montagem do filme Nina contou que:

“A maioria das sequencias foram filmadas em planos-sequencia, então uma tarefa importante e demorada era a escolha do melhor take. O material bruto era muito rico e cheio de informações, um grande desafio era escolher quais informações deixar no filme e quais omitir, oferecendo lacunas ao espectador, mas com muito cuidado para que não se tornassem abismos. Mas a tarefa mais trabalhosa mesmo foi acertar a mão na construção das relações de afetividade entre os moradores da casa e os empregados”

O curta “O Bom Comportamento”, dirigido e montado pela associada Eva Randolph, recebeu o prêmio de melhor som na categoria curta.

O festival, dirigido pelo cineasta Kleber Mendonça Filho, exibiu mais de 130 produções brasileiras e estrangeiras e teve recorde de público desde sua primeira edição em 2008: este ano, 17 mil pessoas frequentaram sessões em três espaços da cidade, incluindo o tradicional Cinema São Luiz.

É muito bom ver associados tendo seus trabalhos reconhecidos! Parabéns!

Foto 255

 

Confira a lista completa dos premiados:

 Competição de longas

*Júri: Chris Stults, João Vieira Jr e José Geraldo Couto

Melhor longa: “A Professora do Jardim de Infância” (Haganenet , Israel /França, 2014), de Nadav Lapid

Melhor DireçãoGabriel Mascaro, por “Ventos de Agosto” (PE, 2014)

Melhor Imagem: “Jauja” (Argentina/França, 2014), de Lisandro Alonso

Melhor SomMaurício d´Orey, por “Ventos de Agosto” (PE, 2014), de Gabriel Mascaro

Melhor MontagemNina Galanternick e Karen Sztajnberg, por “Casa Grande” (RJ, 2014), de Fellipe Barbosa

 Competição Nacional de Curtas

*Júri: Barbie Heussinger, Rafael Ciccarini e Nara Normande

Melhor curta: “Quinze” (MG, 2014), de Maurílio Martins

Melhor imagem: “Nua por Dentro do Couro” (MA, 2014), de Lucas Sá

Melhor som: “O Bom Comportamento” (RJ, 2014), de Eva Randolph

Melhor montagem: “A Era de Ouro” (CE, 2014), de Leonardo Mouramateus

Menção honrosa: “O Lugar Mais Frio do Rio”, de Madiano Marcheti

 Competição Internacional de Curtas

*Júri: Michael Gibbons, Karen Black e Roberta Veiga

Melhor Filme: “A Galinha” (The Chicken, Alemanha, 2014), de Una Gunjak

Melhor Montagem: “Redenção” (Redemption, Portugal, França, Alemanha e Itália, 2013), de Miguel Gomes

Melhor Som: “A rainha” (La Reina, Argentina, 2013), de Manuel Abramovich

Melhor imagem: “Bens Abandonados” (Abandoned goods, Reino Unido, 2014), de Pia Borg e Edwar Lawrenson

 Prêmio João Sampaio para Filmes Finíssimos que Celebram a Vida

“A misteriosa morte de Pérola” (CE), de Guto Parente e Ticiana Augusto Lima

 Prêmio Aquisição Canal Curta! (R$ 5 mil)

“A Era de Ouro” (CE), de Leonardo Mouramateus

 Prêmio Janela Crítica

Curta nacional: “La llamada” (SP), de Gustavo Vinagre

Curta estrangeiro: “Oh Lucy” (Japão), de Atsuko Hirayagi

Longa: “A misteriosa morte de Pérola” (CE), de Guto Parente e Ticiana Augusto Lima

 Júri ABD/APECI (curtas nacionais)

Júri: Gabi Saegesser, Mauricio Correia e Roberto Azoubel

1º lugar: “Quinze” (MG, 2014), de Maurílio Martins

2º lugar: “Noites traiçoeiras” (PE, 2014) de João Lucas

 Prêmio FEPEC – Federação Pernambucana de Cineclubes

Júri: Pietro Félix, Gabriela Saldanha e Fabiana Maria

 Melhor Filme Para Reflexão: “Si no se puede bailar, esta no es mi revolución” (SP/Cuba, 2014), de Lillah Hallah

 

Mostra Internacional de Cinema de São Paulo premia filmes montados por associados edt.

02.NOV.14 | A 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo anunciou seus premiados. Dentre eles, dois longas-metragens foram montados por associados da edt.. São eles “Casa grande”, de Fellipe Barbosa, montado pela associada Nina Galanternick e por Karen Stajnberg, ganhador do prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a ABRACCINE; e “Encantados”, de Tizuka Yamasaki, montado por Tainá Diniz e Martha Luz, recebeu o Prêmio da Juventude – Melhor Filme Brasileiro.

Confira abaixo a lista completa dos vencedores da 38ª Mostra de SP:

 

Troféu Bandeira Paulista 2014

Prêmio do Júri – Melhor Ficção
“Entre mundos”, de Feo Aladag (Alemanha)

Prêmio do Júri – Melhor Documentário
“A guerra das patentes”, de Hannah Leonie Prinzler (Alemanha)

Prêmio do Público – Melhor Ficção Internacional
“Relatos selvagens”, de Damián Szifrón (Argentina, Espanha)
“Do que vem antes”, de Lav Diaz (Filipinas)
“Sam”, de Elena Hazanov (Suíça)

Prêmio do Público – Melhor Ficção Brasileiro
“A história da eternidade”, de Camilo Cavalcante

Prêmio do Público – Melhor Documentário Internacional
“Charles Chaplin: A lenda do século”, de Frédéric Martin (França)

Prêmio do Público – Melhor Documentário Brasileiro
“Cássia”, de Paulo Henrique Fontenelle

Prêmio da Crítica – Melhor Filme

“Leviatã”, de Andrey Zvyagintsev (Rússia)

Menção Honrosa da Crítica
Mostra Victor Erice (Espanha)
“A ilha dos milharais”, de George Ovashili (Geórgia)
“Retorno a Ítaca”, de Laurent Cantet (França)
“O pequeno Quinquin”, de Bruno Dumont (França)

Prêmio ABRACCINE
“Casa grande”, de Fellipe Barbosa (Brasil)

Prêmio Associação Autores de Cinema – Melhor Roteiro
“A gangue” (Ucrânia), roteiro de Myroslav Slaboshpytskiy

Prêmio da Juventude – Melhor Filme Internacional
“Labyrinthus”, de Douglas Boswell (Bélgica, Holanda)

Prêmio da Juventude – Melhor Filme Brasileiro
“Encantados”, de Tizuka Yamasaki

Prêmio Humanidade
Geraldine Chaplin
Marin Karmitz
Jia Zhangke

 

Filmes montados por associados da edt. são premiados no Festival do Rio

09.OUT.14 | A edição de 2014 do Festival do Rio terminou nesta quarta premiando, em diversas categorias, títulos que tiveram montagem de associados da edt.

“Sangue Azul”, de Lírio Ferreira, foi o longa de ficção vencedor da mostra competitiva da Première Brasil. O filme, montado por Mair Tavares e Tina Saphira, recebeu também os prêmios de melhor direção e melhor ator coadjuvante.

“Casa Grande”, de Fellipe Barbosa, foi eleito melhor longa de ficção pelo júri popular. A associada Nina Galanternick assina a montagem do filme, junto com Karen Sztajnberg. O documentário escolhido, “Favela Gay”, dirigido por Rodrigo Felha, foi montado por Quito Ribeiro.

Na mostra Novos Rumos, “O bom comportamento”, dirigido por Eva Randolph e montado por ela e Marília Morais, foi escolhido o melhor curta. Alexandre Gwaz montou “Deusa Branca”, de Alfeu França, vencedor do prêmio especial do júri.

Parabéns aos associados, que mais uma vez marcaram firme presença nesse que é um dos mais importantes festivais do Brasil.

Confira a lista completa dos premiados do festival:

Melhor Longa-Metragem de Ficção: Sangue Azul, de Lírio Ferreira
Melhor Longa-Metragem de Doc: À Queima Roupa, de Theresa Jessouroun
Melhor Curta-Metragem: Barqueiro, de José Menezes e Lucas Justiniano
Melhor Diretor de Ficção: Lírio Ferreira ( Sangue Azul)
Melhor Diretor de Doc: Theresa Jessouroun (À Queima Roupa)

Melhor Atriz: Bianca Joy Porte (Prometo Um Dia Deixar Essa Cidade)
Melhor Ator: Matheus Fagundes (Ausência)
Melhor Atriz Coadjuvante: Fernanda Rocha (O Último Cine Drive-In)
Melhor Ator Coadjuvante: Rômulo Braga (Sangue Azul)
Melhor Fotografia: André Brandão (Obra)
Melhor Montagem: Luisa Marques (A Vida Privada Dos Hipópotamos)
Melhor Roteiro: Murilo Salles (O Fim E Os Meios)
Prêmio Especial Do Júri: Ausência, de Chico Teixeira
Prêmio pelo Conjunto da Obra: Othon Bastos

Novos Rumos
Melhor Filme: Castanha, de Davi Pretto
Melhor Curta: Bom Comportamento, de Eva Randolph
Prêmio Especial do Júri: Deusa Branca, de Alfeu França
Júri presidido por Felipe Bragança e composto por Bianca Comparato e Cavi Borges

Prêmio Fipresci: Obra, de Gregorio Graziosi
Júri composto por Ernesto Diez Martinez, Luiz Zanin e Roni Filgueiras

Júri voto popular
Melhor Longa Ficção: Casa Grande, de Fellipe Gamarano Barbosa
Melhor Longa Documentário: Favela Gay, de Rodrigo Felha
Melhor Curta: Max Uber, de Andre Amparo

Mostra Geração: Finn, de Frans Weisz

Prêmio Felix
Melhor Documentário: De Gravata e Unha Vermelha, de Miriam Chnaiderman
Melhor Ficção: Xenia, de Panos H. Koutras

Prêmio Especial do Júri: Toda Terça-Feira, de Sophie Hyde

 

 

 

Associados da edt. marcam presença na programação do Festival do Rio 2014

24.SET.14 | Quinze dos setenta filmes brasileiros programados para o Festival do Rio 2014, que abre para o público nesta quinta, dia 25, têm participações de montadores da edt.

Da mostra competitiva de longas de ficção, Mair Tavares montou “Sangue azul”, de Lírio Ferreira , Karen Harley é a montadora de “O fim e os meios”, de Murillo Salles e Nina Galanternick  é co-montadora (com Karen Sztajnberg) de “Casa Grande”, de Fellipe Barbosa. “Favela Gay”, de Rodrigo Felha, está na mostra competitiva de longas documentários, com montagem de Quito Ribeiro.

Na competitiva de curtas de ficção, “Outono” de Anna Azevedo, é co-montado por Eva Randolph. Na competição de documentários em curta-metragem, “Cine Paissandu: histórias de uma geração”, de Christian Jafas, tem montagem de Giovanna Giovanini.

Na mostra Novos Rumos de longas, Nina Galanternick aparece novamente na montagem de “Seewatchlook – O que você vê quando olha o que enxerga?”, de Michel Melamed. O documentário “Tudo vai ficar da cor que você quiser”, de Letícia Simões, foi montado por Vinícius Nascimento.

“O bom comportamento”, dirigido e montado por Eva Randolph, e “A deusa branca”, de Alfeu França, montado por Alexandre Gwaz, estão na mostra Novos Rumos de curtas.

Na categoria hors concours da Première, Tina Saphira montou o longa “Infância”, de Domingos Oliveira, e o curta “Compêndio”, de Eugenio Puppo e Ricardo Carioba, tem como montador Joaquim Castro.

Na mostra Retratos, Diana Vasconcellos assina a montagem do longa “O vento lá fora”, de Márcio Debellian. O curta “Caetana”, de Felipe Nepomuceno, tem montagem de Arthur Frazão.

A mostra Geração exibirá o longa “Encantados”, de Tizuka Yamasaki. O filme tem montagem de Tainá Diniz e Marta Luz.

Confira as sinopses dos filmes e as respectivas sessões no festival:

 

 Première Brasil – Competitiva Longa ficção

CASA GRANDE (direção: Fellipe Barbosa / montagem: Nina Galanternick e Karen Sztajnberg)

Jean é um adolescente rico que luta para escapar da superproteção dos pais, secretamente falidos. Quando o motorista de longa data é demitido, Jean tem a tão sonhada chance de pegar o ônibus público pela primeira vez. No ônibus, ele conhece Luiza, uma aluna da rede pública que começa a abrir seus olhos para as contradições de dentro e fora da casa grande.

Sexta, 03/10 21:45* Cinepolis Lagoon 1
Sexta, 03/10 21:45* Cinepolis Lagoon 4
Sexta, 03/10 21:45* Cinepolis Lagoon 2
Sexta, 03/10 21:45* Cinepolis Lagoon 3
Sábado, 04/10 15:00 Pavilhão do Festival
Domingo, 05/10 16:45 São Luiz 4
Domingo, 05/10 21:45 São Luiz 4

O FIM E OS MEIOS (direção: Murilo Salles / montagem: Karen Harley)

O filme conta a história de Paulo e Cris, um jovem casal que se muda para Brasília para tentar resolver os impasses da relação. Ela é jornalista, ele é publicitário. A campanha eleitoral de um senador da república desencadeia um jogo de poder em que a mídia e a política convivem de forma perigosa com os desejos e as fraquezas da relação entre homem e mulher. As raízes do Brasil são expostas através dos sentimentos daqueles que vivem dentro do furacão do cotidiano do poder.

Quinta, 25/09 21:45* Cinepolis Lagoon 1
Quinta, 25/09 21:45* Cinepolis Lagoon 4
Quinta, 25/09 21:45* Cinepolis Lagoon 2
Quinta, 25/09 21:45* Cinepolis Lagoon 3
Sexta, 26/09 15:00 Pavilhão do Festival
Sábado, 27/09 16:45 São Luiz 4
Sábado, 27/09 21:45 São Luiz 4

SANGUE AZUL (direção: Lírio Ferreira / montagem: Mair Tavares)

Há 20 anos, numa ilha vulcânica e paradisíaca, um menino de 10 anos foi separado de sua irmã. A mãe, temerosa que uma atração incestuosa se desenvolvesse entre os dois, mandou seu filho para o continente com Kaleb, o ilusionista do Circo Netuno, que estava passando pela ilha. No continente, Kaleb instruiu o menino nas artes do circo e do espírito, e o ex-ilhéu se tornou Zolah, o Homem Bala. Zolah agora está de volta à ilha com o circo. Um paralelo entre cinema e circo para falar de mar, arte e amor.

Segunda, 29/09 21:45* Cinepolis Lagoon 1
Segunda, 29/09 21:45* Cinepolis Lagoon 4
Segunda, 29/09 21:45* Cinepolis Lagoon 2
Segunda, 29/09 21:45* Cinepolis Lagoon 3
Terça, 30/09 15:00 Pavilhão do Festival
Quarta, 01/10 16:45 São Luiz 4
Quarta, 01/10 21:45 São Luiz 4

 

 Première Brasil – Competitiva Longa Documentário

FAVELA GAY (direção: Rodrigo Felha / montagem: Quito Ribeiro)

O filme mostra como é a vida da comunidade LGBT nas favelas do Rio de Janeiro. Gays existem em todo lugar, seja no morro ou no asfalto, mas aqui o assunto é tratado com a participação de outros signos – o tráfico, as igrejas evangélicas e a vizinhança. O filme também aborda as questões comuns dos homossexuais e transexuais: homofobia, preconceito, aceitação da família, trabalho e o dia a dia com a sociedade. Apesar das adversidades, cada personagem, inserido no cotidiano de sua comunidade, conta como reinventou sua história através da música, da dança, da política e do estudo.

Sexta, 03/10 17:00* Cinepolis Lagoon 1
Sexta, 03/10 17:00* Cinepolis Lagoon 2
Sexta, 03/10 17:00* Cinepolis Lagoon 3
Sábado, 04/10 13:00 Pavilhão do Festival
Domingo, 05/10 14:15 São Luiz 4
Domingo, 05/10 19:15 São Luiz 4

 

 Première Brasil – Competitiva Curtas Ficção

OUTONO (direção: Anna Azevedo / montagem: Eva Randolph, Anna Azevedo e Vinícius Brum)

De toda uma vida, sobreviveu uma única lembrança. Apenas uma.

Sábado, 27/09 21:45 Cinepolis Lagoon 1
Sábado, 27/09 21:45 Cinepolis Lagoon 2
Sábado, 27/09 21:45 Cinepolis Lagoon 3
Sábado, 27/09 21:45 Cinepolis Lagoon 4
Domingo, 28/09 15:00 Pavilhão do Festival
Segunda, 29/09 17:00 São Luiz 4
Segunda, 29/09 21:45 São Luiz 4

 

 Première Brasil – Competitiva Curtas Documentários

CINE PAISSANDU: HISTÓRIAS DE UMA GERAÇÃO (direção:  Christian Jafas / montagem: Giovanna  Giovanini)

Documentário sobre o cinema que formou a Geração Paissandu, nos anos 1960, e o impacto cultural e social desse período para a história do país. Hoje, 50 anos após o golpe militar, o movimento é um exemplo para os que lutam contra o autoritarismo, as diferenças sociais e as políticas públicas que usam a força policial como um meio de repressão.

Quinta, 02/10 17:00 Cinepolis Lagoon 1
Quinta, 02/10 17:00 Cinepolis Lagoon 2
Quinta, 02/10 17:00 Cinepolis Lagoon 3
Sexta, 03/10 13:00 Pavilhão do Festival
Sábado, 04/10 14:15 São Luiz 4
Sábado, 04/10 19:15 São Luiz 4

 

 Novos Rumos Longas

TUDO VAI FICAR DA COR QUE VOCÊ QUISER (direção: Letícia Simões / montagem: Vinícius Nascimento)

Uma apresentação do escritor, músico e artista plástico Rodrigo de Souza Leão. O filme se utiliza de material de arquivo inédito, videoclipes com as músicas de Rodrigo e videoartes a partir dos poemas escritos pelo autor e nunca publicados. Aos 23 anos, Rodrigo foi diagnosticado com esquizofrenia e criou todo seu trabalho dentro de casa. O filme conta ainda com a participação de entrevistados que efetivamente conheceram o artista, como o poeta Leonardo Gandolfi, a escritora Suzana Vargas e a artista plástica Julia Debasse.

Quinta, 25/09 20:00 Cinepolis Lagoon 6
Sexta, 26/09 16:45 C.C. Justiça Federal 1
Sábado, 27/09 18:00 Oi Futuro Ipanema
Quinta, 02/10 16:00 Ponto Cine

SEEWATCHLOOK: O QUE VOCÊ VÊ QUANDO OLHA O QUE ENXERGA? (direção: Michel Melamed / montagem: Nina Galanternick)

Documentário sobre os desafios de criar um espetáculo na cidade Nova York – o primeiro para ser assistido do High Line Park – pela perspectiva do artista brasileiro Michel Melamed e sobre as fronteiras entre a realidade e a ficção.

Terça, 30/09 20:00 Cinepolis Lagoon 6
Quarta, 01/10 16:45 C.C. Justiça Federal 1
Quinta, 02/10 18:00 Oi Futuro Ipanema
Sábado, 04/10 20:10 Ponto Cine

 

 Novos Rumos Curtas

O BOM COMPORTAMENTO (direção e montagem: Eva Randolph)

Férias de verão na colônia. Isolados pela natureza e com os celulares apreendidos, os adolescentes se divertem em atividades ao ar livre. Desconhecida pelos demais, Laura tenta se adaptar. Exibido na mostra competitiva do Festival de Locarno 2014.

Sábado, 04/10 20:00 Cinepolis Lagoon 6
Domingo, 05/10 16:45 C.C. Justiça Federal 1
Terça, 07/10 16:00 Oi Futuro Ipanema
Terça, 07/10 20:00 Ponto Cine

A DEUSA BRANCA (direção: Alfeu França / montagem: Alexandre Gwaz)

Em 1958, o polêmico Flávio de Carvalho integra uma expedição à Região Amazônica. Seu objetivo era realizar um filme unindo pesquisa etnográfica e drama ficcional sobre uma menina branca que teria sido raptada por índios. Valendo-se do precioso material filmado durante a expedição, A deusa branca resgata esse obscuro episódio da vida desse genial artista.

Quinta, 25/09 20:00 Cinepolis Lagoon 6
Sexta, 26/09 16:45 C.C. Justiça Federal 1
Sábado, 27/09 18:00 Oi Futuro Ipanema
Quinta, 02/10 16:00 Ponto Cine

 

 Hors Concours Longas

INFÂNCIA  (direção:  Domingos Oliveira / montagem: Tina Saphira)

O filme se utiliza da delicadeza e particularmente do humor para descrever o funcionamento autoritário de uma família tipicamente brasileira na década de 1950, no Rio de Janeiro, chefiada por uma matriarca que espera ansiosamente a chegada da noite para ouvir Carlos Lacerda. Sua intensa trama emocional é abordada explicitando os absurdos dos comportamentos dos personagens.

Domingo, 05/10 19:15 Cinepolis Lagoon 1
Domingo, 05/10 19:15 Cinepolis Lagoon 2
Domingo, 05/10 19:15 Cinepolis Lagoon 3
Quarta, 08/10 14:15 São Luiz 4
Quarta, 08/10 18:00 Ponto Cine
Quarta, 08/10 19:15 São Luiz 4

 

 Hors Concours Curtas

COMPÊNDIO (direção Eugenio Puppo e Ricardo Carioba / montagem: Joaquim Castro)

Um homem velho preso a uma cadeira de rodas reflete sobre suas limitações. Ele tem como única distração uma bola, que passa o dia jogando para cima. Um dia, o inesperado acontece.

Quinta, 25/09 19:15 Cinepolis Lagoon 1
Quinta, 25/09 19:15 Cinepolis Lagoon 2
Quinta, 25/09 19:15 Cinepolis Lagoon 3
Sexta, 26/09 14:15 São Luiz 4
Sexta, 26/09 19:15 São Luiz 4
Sexta, 03/10 20:00 Ponto Cine

 

 Retratos Longas

O VENTO LÁ FORA (direção:  Marcio Debellian / montagem: Diana Vasconcellos)

Um retrato do poeta Fernando Pessoa a partir da leitura de poemas criada pela professora Cleonice Berardinelli e pela cantora Maria Bethânia. A leitura, apresentada ao público uma única vez, na FLIP 2013, foi filmada em estúdio com a presença de uma plateia de convidados. O roteiro do filme se constrói a partir do registro dos ensaios para a leitura, das conversas sobre a obra do poeta e de pesquisa de manuscritos e imagens raras.

Segunda, 06/10 20:00 Cinepolis Lagoon 6
Terça, 07/10 16:45 C.C. Justiça Federal 1
Terça, 07/10 18:00 Ponto Cine
Quarta, 08/10 16:00 Ponto Cine
Quarta, 08/10 18:00 Oi Futuro Ipanema

 

 Retratos Curta

CAETANA (direção:  Felipe Nepomuceno / montagem: Arthur Frazão)

Abril de 2014. Ariano Suassuna conversa com Caetana, como a morte é chamada no sertão nordestino.

Domingo, 05/10 20:00 Cinepolis Lagoon 6
Terça, 07/10 14:45 C.C. Justiça Federal 1
Terça, 07/10 16:00 Ponto Cine
Quarta, 08/10 16:00 Oi Futuro Ipanema
Quarta, 08/10 20:00 Ponto Cine

 

 Mostra Geração

ENCANTADOS (direção: Tizuka Yamasaki / montagem: Tainá Diniz e Marta Luz)

Atrevida e perseverante até a teimosia, Zeneida se transforma quando é desafiada. Tem acessos de pânico. O pai quer interná-la num hospício. Zeneida só quer sobreviver, agora que encontrou seu primeiro grande amor: Antonio, o Encantado Sucuri. Foge com ele, sem saber que aquela paixão os levará às fronteiras do mundo mítico dos Caruanas, as entidades da natureza. Ali ela encontra seus antepassados, a linhagem dos pajés que vivem na natureza da alma. Lutando para salvar o amor, é surpreendida.

Terça, 30/09 21:40* Estação Rio 1 ER133
Quinta, 02/10 13:40 Estação Rio 1 ER141
Sexta, 03/10 19:00 Cine Manguinhos MA000
Sábado, 04/10 18:00 Cine Carioca CA004
Domingo, 05/10 16:00 Ponto Cine PC011

 * Sessão com convidado(s)

 

 

 

Academia Brasileira de Cinema premia Marília Moraes por “Elena”

29.AGO.14 | “Elena”, de Petra Costa, recebeu o trofeu Oscarito de melhor longa-metragem documentário na cerimônia do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, ocorrido na última terça no Teatro Municipal carioca. O filme também foi premiado na categoria melhor montagem de documentário, assinada pela associada da edt., Marília Moraes, e por Tina Baz.

Sobre o trabalho, Marília nos contou com exclusividade:

“Foi um processo bem diferenciado e desafiador. A natureza da história era pesada, o drama era real, a diretora era uma das personagens e o material foi sendo descoberto e também filmado ao longo do processo de montagem. A ilha de edição esteve presente em todo o tempo em que o filme foi feito. As decisões estruturais, os pesos dos personagens, a procura pelo tom certo da voz off que narra o filme, a confecção dos textos, e todo o corpo do filme foi se formando na ilha. Havia a colaboração de uma roteirista e escolhemos contar a história em um formato ficcional, apesar de estarmos tratando de um documentário.  O envolvimento era grande, mas não podia ultrapassar a minha função de montadora. Por ser um filme extremamente íntimo e pessoal, o meu olhar tinha que estar ainda mais atento e no lugar do espectador. Essas nuances que guiavam a escolha do que interessava realmente ser mostrado ou abordado e a maneira em que os pensamentos e sentimentos da Petra se transformavam em cenas dentro do filme foi sem dúvida o maior desafio. Era necessário lidar com os extremos, falar da morte com delicadeza e dar o peso certo a cada situação para que a história pessoal fosse transformada em um drama universal, algo com que qualquer pessoa pudesse em algum momento se identificar.  Foi um trabalho longo, que me proporcionou muitos aprendizados e é emocionante ver como o público abraçou o filme e se sente verdadeiramente tocado por esse drama”.

A melhor montagem para longa de ficção foi para Márcio Hashimoto, por “Faroeste Caboclo”. O filme de René Sampaio recebeu a maior parte do prêmios da noite.

O júri do Grande Prêmio é composto pelos sócios da Academia Brasileira de Cinema. A entidade é atualmente formada por mais de duzentos profissionais da área cinematográfica nacional.

Confira a lista completa dos premiados:

MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO

Faroeste Caboclo

MELHOR DOCUMENTÁRIO

A Luz do Tom

MELHOR COMÉDIA

Cine Holiúdy

MELHOR FILME INFANTIL

Meu Pé de Laranja Lima

MELHOR ANIMAÇÃO

Uma História de Amor e Fúria

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Django Livre (Estados Unidos)

MELHOR DIREÇÃO

Bruno Barreto (Flores Raras)

MELHOR ATOR

Fabrício Boliveira (Faroeste Caboclo)

MELHOR ATRIZ

Glória Pires (Flores Raras)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Wagner Moura (Serra Pelada)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Bianca Comparato (Somos Tão Jovens)

MELHOR FOTOGRAFIA

Gustavo Hadba (Faroeste Caboclo)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

José Joaquim Salles (Flores Raras)

MELHOR FIGURINO

Marcelo Pies (Flores Raras)

MELHOR MAQUIAGEM

Siva Rama Terra (Serra Pelada)

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Uma História de Amor e Fúria

Serra Pelada

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Kléber Mendonça Filho (O Som ao Redor)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Marcos Bernstein e Victor Atherino (Faroeste Caboclo)

MELHOR MONTAGEM – FICÇÃO

Márcio Hashimoto (Faroeste Caboclo)

MELHOR MONTAGEM – DOCUMENTÁRIO

Marília Moraes e Tina Baz (Elena)

MELHOR SOM

Leandro Lima, Mirian Biderman, Ricardo Chuí e Paulo Gama (Faroeste Caboclo)

MELHOR TRILHA SONORA

Paulo Jobim (A Luz do Tom)

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

Phillipe Seabra (Faroeste Caboclo)

MELHOR CURTA-METRAGEM DE FICÇÃO

Flerte, de Hsu Chien

MELHOR CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO

A Guerra dos Gibis, de Thiago Brandimarte Mendonça

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

O Menino que Sabia Voar, de Douglas Alves Ferreira

 

 

 

Gramado premia montagem de Tina Saphira

18.AGO.14 | A edt. se orgulha de ver seus associados recebendo prêmios em festivais. Desta vez o parabéns vai para Tina Saphira e Mair Tavares, nosso sócio-benemérito que figuraram na premiação do Festival de Cinema de Gramado. Tina ganhou o prêmio de melhor montagem pelo filme “Infância”, de Domingos de Oliveira e Mair Tavares montou dois filmes premiados no festival: “Estrada 47” ganhou prêmio de melhor filme e “Os segredos dos diamantes” recebeu do Juri popular o prêmio de melhor filme.

Tina Saphira nos contou como foi o processo de montagem do longa “Infância”:

Infância, o filme, partiu de um dos antigos textos para teatro do Domingos Oliveira, “Do Fundo do Lago escuro”, baseado em passagens que marcaram a sua infância, É uma comédia-dramática, autobiográfica, que revela em um dia o processo de uma família burguesa carioca dos anos 50, chefiada pela matriarca Dona Mocinha. Já teve duas montagens para teatro, uma nos anos 80, com Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, e mais recente com o próprio Domingos fazendo o papel de Dona Mocinha, sua avó. Ano passado então ele conseguiu transformar a peça em filme, e convidou Fernanda Montenegro para fazer agora a Dona Mocinha.

Domingos é um artista compulsivo e nada formal, filma com poucos recursos e muita paixão, faz muitas coisas ao mesmo tempo, gosta de mostrar o filme para as pessoas que o cercam, e com esse texto do qual ele já era tão íntimo não ia ser diferente. Montamos rápido, na verdade em 04 semanas. Não sei se por ser um texto que veio do teatro, mas o que mais mudou no processo de montagem foi justamente o início e o final do filme, as poucas cenas que não se passam no único dia que narra a maior parte da história, que é a estrutura da peça; tudo se passa em um único dia, e em um único espaço, o casarão da família. Rápido mas intenso, porque o Domingos já sabia muito do filme e não estava querendo esperar aquele trabalho calmo, laborioso de ilha de edição, mas gosta de montar e está sempre pensando no filme. Dois obsessivos juntos, pense! Então depois dessa fase, levei mais um tempo sozinha para buscar mais ritmo, fazer umas propostas e refinamento nos cortes até batermos martelo de um corte dito final.  À esta altura o Domingos já estava preocupado com outra peça, sua biografia, alguma festa, outro filme, e totalmente focado no filme também, e claro que ainda mexemos mais um pouco um mês depois. Eu acho que todo filme merece dormir um pouco, se possível, antes de finalizar. Mas acabamos mexendo mais um pouquinho, mesmo com o filme já quase todo finalizado.

tina

Governo revoga recolhimento de 20% de INSS para contratantes do MEI

12.AGO.2014 | Através do art. 12 da LC 147/2014 o governo revogou retroativamente a obrigatoriedade ao pagamento de 20% de INSS para os contratantes de MEI. Segundo informa a Receita Federal em seu site.

MEI – Contratação por empresas

Para a empresa que contrata MEI para prestar serviços diferentes de hidráulica, eletricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção ou reparo de veículos, extinguiu-se a obrigação de registro na GFIP e recolhimento da cota patronal de 20% (o art. 12 da LC 147/2014 revogou retroativamente essa obrigatoriedade).

Todavia, quando houver os elementos da relação de emprego, o MEI deverá ser considerado empregado para todos os efeitos.”

Isso vem acalmar os profissionais de diversas áreas, optantes pelo MEI, que passaram a partir de abril deste ano a representar para os contratantes uma carga tributária de 20%. Muitos associados procuraram a edt. em busca de orientação. Para ajudar a compreender a situação entramos em contato com Paulo Sérgio Furtado, contador de dezenas de produtoras no Rio de Janeiro e o advogado da associação, Bruno Cariello, que nos ajudaram a prestar os seguintes esclarecimentos aos associados.

O MEI (Micro Empreendedor Individual) foi criado a partir de 01 de Julho de 2009, introduzido pela Lei Complementar 128/08 e inserido na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06). Seu objetivo era de formalizar pequenos empreendedores ou profissionais de cujas atividades eram requeridas notas ficais como fotógrafos, músicos, pequenas fábricas, engraxate, editores, etc. Uma das prerrogativas para se tornar um MEI seria ter um faturamento mensal que não ultrapassasse R$ 5.000,00. O maior atrativo do MEI era sua baixa tributação: o optante por ele teria um imposto fixo mensal de apenas R$ 42,00. Outra vantagem era a não obrigatoriedade da empresa ter um contador, por ser uma empresa sem CNPJ. Muitos assistentes de edição e editores encontraram aí uma saída para a informalidade.

Em 2011, a Receita Federal na Resolução 94 / 2011, art. 99 estabeleceu que a tomadora dos serviços (empresa contratante) deveria recolher a contribuição previdenciária (INSS) de 20%, exclusivamente de atividades como: eletricidade, hidráulica, carpintaria, alvenaria, etc. Atenção: quem paga esses 20% são aqueles que contratam, os patrões. E não o contratado. Para nós editores, isso não teve consequências, pois estávamos fora dessa lista.

No entanto, em abril de 2014, a Receita Federal através de nova Resolução, a 113/2014, art. 104-A, aumentou o alcance dessa contribuição para todos os serviços prestados através do MEI, retroagindo a 2012. Isso significa que antes os contratantes de profissionais de edição audiovisual não pagavam nada além do cachê; a partir de maio, com a cobrança já em vigor, eles foram obrigados a recolher 20% para o INSS. Ou seja, todos os optantes pelo MEI, quando contratados, passaram a pesar na folha de pagamento dos contratantes mais 20%. E pior, as empresas que contratam MEI ficaram sob ameaça de serem cobradas pela Receita Federal o pagamento retroativo de todas as contratações de MEI desde 2012.

A reação foi imediata por parte de contribuintes diversos, que obviamente se recusaram a mais essa obrigação, onde se levantou um movimento representado por alguns Senadores e a Deputada Jandira Feghali. Assim no dia 03  de junho entraram com uma emenda da redação do Projeto de Lei complementar nº 221/12, determinando o retorno à redação original, que ainda está aguardando julgamento.

Até semana passada a situação era de dúvida. Paulo Sérgio havia aconselhado seus clientes (produtoras) a segurar as contratações feitas por MEI até sair o resultado da emenda proposta no congresso, mas que até lá, se fosse necessário contratar MEI que fosse feito o recolhimento de 20%. Associados da edt. relataram que alguns contratantes estavam cobrando do MEI participação no pagamento dessa taxa tributária. Paulo Sergio nos esclareceu que isso é ilegal, uma vez que é uma tributação patronal e porque o optante pelo MEI já tem a sua tributação estabelecida, logo ele estaria sendo tributado duas vezes.

Agora, com a notícia de que o governo revogou a tributação para as atividades diferentes de hidráulica, eletricidade, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção ou reparo de veículos, a situação volta a ser como sempre foi para os profissionais de edição optantes pelo MEI.

A manutenção da resolução normativa da Receita Federal representaria uma ameaça para o MEI, pois dificilmente as produtoras continuariam contratando-os com esse alto custo complementar. Hoje, o editor com MEI pode ir para ilha de edição mais tranquilo.

 

Estreia “Helio Oiticica”, documentário montado por Vinicius Nascimento.

O documentário “Hélio Oiticica” oferece um olhar do próprio artista sobre sua vida e obra. Com estreia dia 31 de julho, o filme propõe um diálogo direto com o espectador, travado por meio de depoimentos e entrevistas históricas, e permeado por extenso material de arquivo inédito. É possível ouvir Oiticica narrando ideias que extravasam uma época e que ainda influenciam o pensamento contemporâneo.

O longa é dirigido por César Oiticica Filho e montado por Vinicius Nascimento, associado e membro do conselho fiscal da edt. A montagem contou ainda com a consultoria de Ricardo Miranda, falecido em março deste ano.

Sobre o trabalho, Vinicius nos contou com exclusividade:

“Destaco três aspectos especiais na montagem do filme.

A primeira foi poder contar com os conselhos “frame precisos” do meu querido amigo Ricardo Miranda, que infelizmente nos deixou este ano. Eu e Ricardo conversamos muito durante a montagem do Hélio e isso está no corpo do filme. Um exemplo é a sequência do Hélio desfilando na mangueira. Ricardo sabia que eu era apaixonado pela sequência do “A idade da terra”, que ele montou, onde o Tarcísio Meira está no meio de uma bateria de escola de samba. Então me propôs que eu usasse planos curtos, seguindo uma variação frame rítmica para reproduzir aquele “toque do tamborim” pedido pelo Glauber.

A segunda foi a estrutura “delírio ambulatório” que o Cesar (diretor do filme) quis seguir. Um filme penetrável que foi sendo construído conforme íamos entrando nele. Seguindo apenas a voz do Hélio, fomos criando experiências visuais das quais destaco o momento em que o cinema se transforma numa enorme Cosmococa.

A terceira foi o trabalho maravilhoso do pesquisador de imagem Antônio Venâncio, que durante todo o processo foi nos surpreendendo com achados incríveis que criavam, felizmente, verdadeiros terremotos na estrutura do filme.”

 

Trailer:

cartaz_helio_oiticica

Eva Randolph é premiada em Paulínea

 29.JUL.2014 | A associada Eva Randolph é mais uma vez premiada, agora no 6º Paulínia Film Festival, pela montagem do filme “Aprendi a jogar com você”, de Murilo Salles. O parabéns é duplo, pois ela ainda recebeu o prêmio especial do Juri, que premiou o seu curta-metragem “O bom comportamento”. 

Eva nos contou como foi trabalhar na montagem de “Aprendi a jogar com você”:

“Comecei a montar ‘ Aprendi a jogar com você’ em fevereiro de 2011. Inicialmente o filme seria um tríptico com outros dois artistas – parte de um projeto do Murilo Salles chamado ‘És tu brasil’. Porém, para nossa sorte, um deles acabou não aceitando e o outro tinha material suficiente para resultar num filme só. Nesse momento, tinhamos 40min. montados. O filme, que até então estava sem nome, contava a viração de Duda e Milka para fazerem um show no carnaval, respectivamente um Dj e uma cantora/dona de casa, que criam diariamente estratégias para viver de sua música nas cidades satélites de Brasília.

Seguida a essa mudança de estrutura – de três personagens para um – seguiu-se uma nova filmagem, em 2012, um ano depois da primeira. Nessa segunda etapa de filmagem, fica claro para o Dj Duda como a filmagem poderia servir para sua estratégia de fazer sucesso. Quando voltamos a montar, tínhamos todo um novo filme pela frente. Assim, o filme passa a ser também sobre um personagem que se ficciona, que cria situações, dirigindo a si mesmo e ao diretor-câmera, que na primeira fase foi André Lavaquial e na segunda, Leonardo Bittencourt. Diante disso, buscamos também o material da pesquisa, e fechamos finalmente o filme em julho de 2013. Por enquanto está fechado, mas nas palavras do próprio Murilo, podemos sempre voltar a filmar e montar a saga de Dj Duda e Milka Reis.”  

Firmada nova parceria com a Cavídeo

17.JUL.2014 | A locadora Cavídeo é a nova parceira de benefícios da edt.  Ao alugar um filme, os associados podem, mediante apresentação da carteirinha, levar um segundo de graça. O acervo da locadora, especializada em filmes de arte, encontra-se disponível online.

Até agora, a edt. já conquistou importantes parcerias, como a da Livraria Blooks (desconto na compra de livros, dvds e cds), IDS Tecnologia/2Olhares e ProClass (descontos em cursos), Made for you (desconto em produtos Apple) e Sesan Assessoria Contábil (descontos em serviços).

Lembrando que, para aproveitar as vantagens dos benefícios da edt., o associado deverá estar em dia com a trimestralidade e apresentar a carteirinha de sócio. A lista detalhada dos parceiros pode ser conferida aqui.

Seção Match Frame – Sergio Mekler

01.JUL.2014 | Sergio Mekler é montador de inúmeros longas-metragens e publicidade. “A Ostra e o Vento”, “Casa de Areia” e o recente “Boa Sorte” são alguns de seus trabalhos. 

tamos juntos

 

Fale sobre o projeto em que você está trabalhando atualmente.Estou começando a montagem do filme “Campo Grande” dirigido pela Sandra Kogut e produzido pela Tambellini Filmes. Duas crianças, um casal de irmãos, são abandonados num prédio em Ipanema, a partir daí se estabelece a relação entre a dona do apartamento e essas crianças, como estou começando a montagem ainda não da para falar muita coisa…

Qual foi o trabalho que significou o maior desafio em sua carreira e explique o porquê.

Cada trabalho tem as suas proprias caracteristicas, com os seus prazeres e dificuldades especificas…mas se tivesse que escolher  ficaria com um dos meus  primeiros trabalhos: uma série musical chamada African Pop. Eu não tinha nenhuma experiência e  lembro de ficar pensando como fazer para colocar um plano depois do outro, por que esse e não aquele … era tudo muito intuitivo e eu passava horas em frente ao vhs experimentando várias possibilidades.

As recentes mudanças tecnológicas tiveram algum impacto sobre a sua forma de pensar a montagem e realizar a montagem?

Não sou muito ligado a tecnologia, meu interesse pelas maquinas é mais estetico do que prático…para mim a última mudança foi o Avid , antes disso eu montava linearmente, em beta, uma polegada, U matic… com o Avid  ficou bem mais fácil errar e tentar de novo. Antes disso era bom saber o que estava fazendo caso contrário ia gastar um tempo grande corrigindo.

 Indique um filme cuja montagem você admire e explique o porquê.

Gosto muito do modo como os filmes do Robert Bresson são montados.
Me interessa o modo como os planos são articulados, o poder de síntese, a crueza dos cortes e a capacidade de construir uma trilha sonora com os sons ambientes.

Fale um pouco sobre o início de sua carreira. O que te levou a ser montador?

Nunca pensei em ser montador, me interesso por filmes desde muito pequeno mas nunca pensei em cinema como profissão. Sou economista formado e paralelo à faculdade fazia colagens de video para uns shows que fazia com o Fausto Fawcett e Robôs Efêmeros. Eu montava um vídeo para cada música a partir de imagens de filmes que eu buscava nas locadoras, arrumava um vhs emprestado e ia dando play/rec, foi assim que comecei.

Quando você começou a ser chamado para trabalhar profissionalmente? Qual foi seu primeiro trabalho?

A Sandra Kogut e o Roberto Berliner  tinham uma produtora chamada  Anteve, eles viram alguns desses shows. Na época eles estavam fazendo um documentário sobre os Paralamas do Sucesso, chamado V o Video, e precisavam de alguém para ajudar na montagem e acabaram me chamando para trabalhar.Como você acha que a associação pode contribuir para a nossa categoria? Você já notou alguma mudança? Tem alguma sugestão?

Apesar de frequentar muito pouco, gosto muito que exista essa associação, um lugar para trocarmos informações sobre todos os aspectos ligados a nossa profissão.

Estreia documentário “Bernardes”, montado por Yan Motta, edt.

24.Jun.14 | Com argumento de Thiago Bernardes e direção e roteiro de Gustavo Gama Rodrigues e Paulo de Barros, o documentário “Bernardes” parte da busca de Thiago por entender a trajetória do avô, o arquiteto e urbanista Sérgio Bernardes.

O filme tem a participação de profissionais que trabalharam diretamente com Sergio, pesquisadores e familiares, além de visitas aos principais projetos construídos. O neto Thiago investiga o por quê o arquiteto ter sido mantido à margem do cenário arquitetônico brasileiro.

Nosso associado Yan Motta, montador do filme, nos contou com exclusividade sobre o trabalho:

“Como nem mesmo a família conhecia direito toda a história de Sergio Bernardes, na ilha de edição meu primeiro trabalho foi de estudo. Tanto de noções da história arquitetura brasileira, quanto do material pesquisado  e cedido pelo acervo da família: plantas, fotos, matérias de jornal, publicações, etc. Essa fase longe do material filmado foi muito importante, para criar uma base segura pra montagem em si.
Daí em diante foram alguns meses num processo de arqueologia, combinando depoimentos e acervo pra tentar recriar um pouco da história pessoal e profissional dele. Um processo que pra mim foi extremamente gratificante e transformador, por se tratar de uma figura tão especial como o Sérgio. Foi um diferencial também ter tido tanta liberdade por parte dos diretores (além do próprio Thiago), pra poder mergulhar nesse trabalho desta forma.”

O filme estreia esta quinta, 26 de junho, em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, João Pessoa, Salvador, Porto Alegre e Curitiba.

 

Associados edt. agora têm desconto na livraria Blooks

18.JUN.14 | A Comissão de Benefícios da edt. adquire um novo parceiro: a livraria Blooks (no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo). Os associados edt. têm 10% de desconto em qualquer livro, CD ou DVD, basta apresentar sua carteirinha de sócio e estar em dia com o pagamento das trimestralidades.

Confira aqui todos os benefícios disponíveis aos associados.

Ricardo Miranda e a experiência do cinema de invenção – texto de Pedro Bento.

06.JUN.14 | “Flaubert: uma maneira de cortar, de romper o discurso sem o tornar insensato” (Roland Barthes – O Prazer do Texto)

Ricardo Miranda foi o meu mestre no cinema e a sua partida às vésperas de completar 64 anos me deixou desconcertado. Este relato pretende expor a enriquecedora experiência conceitual e prática na montagem de imagens e sons para o cinema ao longo da colaboração e amizade que cultivamos ao longo destes quase 5 anos em que convivemos.

Ricardo dava aulas de Teoria da Montagem na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Era um professor de semblante enigmático e se expressava com poucas palavras. Sua figura grisalha lembrava o velho Orson Welles. Em seus cursos nos apresentava um recorte singular do cinema mundial e projetava filmes que ele garantia que dificilmente veríamos em algum outro lugar… Filmes de Peleshian, Paradjanov, Straub e Eisenstein! 

Defendia a montagem dialética de Eisenstein – que consiste em não considerar as imagens como tijolos em sucessão que erguem a obra como um todo, mas sim pensar o choque dialético: pensar a 3ª imagem formada pela mudança brutal de uma imagem para a a imagem seguinte – no corte seco.

Evidenciava a necessidade do pensamento no projeto do cinema de autor brasileiro: em filmes de Sganzerla, Glauber, Bressane e Saraceni! Para a vulgata, era a etiqueta pejorativa do “cinema marginal” – para nós alunos, eram filmes feitos de maneira libertadora e revolucionária – e Ricardo nos mostrava que os filmes eram muito mais do que isso: nos transmitia as leituras e as idéias por trás dos roteiros desses filmes a partir da interlocução e amizade que tinha cultivado com cada realizador. Finalizava dizendo “Estudem!”.

Fui chamado em 2011 pela amiga Barbara Vida, a jovem atriz e produtora de seus últimos 2 longa metragens, para participar das filmagens de seu primeiro mergulho sobre a obra de Flaubert: Djalioh – o seu segundo longa de ficção, reescrito por Ricardo a partir do estudo de roteiro que havia conduzido em 1980 com Breno Kuperman.

Djalioh conta a história de um cientista francês que vai até o Brasil colonial praticar o perverso experimento de cruzar uma escrava, com um macaco. Da imaginação do jovem Flaubert sobre o Brasil – que escrevera este conto fantástico aos 16 anos – nascia a bizarra criatura Djalioh. O texto carrega um projeto subterrâneo contra a ciência positivista que se praticava na Europa, além de fazer um deboche estarrecedor com a forma literária do romantismo.

Através da figura do narrador, penetrávamos nas profundezas da alma de uma criatura bestial, em pensamentos que serviam de bode expiatório onde se reforçava um discurso de crítica dos costumes que seria interditado a um personagem totalmente humano. Nas palavras do crítico Fábio Andrade, “Em Djalioh, as palavras são personagens, como os personagens são palavras”.

Durante as filmagens eu era ainda muito inexperiente e atrapalhado como assistente de câmera, e trabalhava para o virtuoso fotógrafo Antonio Luiz Mendes. Antonio é um fotógrafo com enorme senso de persistência na busca pela luz e pelo quadro almejados, trabalha com uma enorme seriedade nas horas de filmagem, e é de uma alegria reluzente e jovial nos momentos de intervalo e descanso.

Minha inabilidade com o trabalho no set foi compensada com o primoroso trabalho de montagem que tocamos, Ricardo e eu, em minha ilha de edição, ao longo de dois meses, em que encaminhamos Djalioh à sua forma final.

Se em aulas Ricardo defendia um corte rápido e veloz, era para que pensássemos ao máximo o exercício do corte, nos propondo mirabolantes desafios que devíamos entregar apressadamente no prazo de uma ou duas semanas, para que o curso seguisse em frente. Trabalhando por dois meses em seu longa, eu aprendia também um outro corte: em um filme que tinha planos que duravam seis… sete… dez minutos, às vezes. O método consistia em suspender as imagens ao limite até que os olhos gritassem “CORTA!”, e então entrava o plano seguinte: no corte lacaniano.

Então me tornei amigo de Ricardo, e pude conhecer aos poucos a sua vasta obra como documentarista, publicitário e gerente do departamento de interprogramas na TV Brasil. Djalioh teve cerca de dois anos de circulação em quase uma dúzia de festivais. Na vida social, Ricardo era um homem gentil, e sua longa carreira como montador (alguém que trabalha para diretores) pareceu ter solidificado a sua personalidade tranquila de alguém que dificilmente se estressava, na contramão da arrogância voluntariosa que se vê nas biografias dos diretores de cinema.

Depois trabalhando, nos momentos mais difíceis, quando o material bruto não parecia oferecer nenhuma solução para a montagem, era fundamental recorrer a suas realizações como montador. A lógica selvagem com que Ricardo trabalhava a montagem está presente de maneira bem pronunciada nos curtas H.O. (1979), sobre Hélio Oiticica, de Ivan Cardoso e O Som ou Tratado de Harmonia (1984), de Arthur Omar sobre a metafísica do som; filmes que Ricardo havia montado ainda no tempo das moviolas.

Em 2012, montei o longa de ficção Estado de Exceção junto ao diretor Juan Posada, pela primeira vez sem o constante diálogo com Ricardo Miranda. Nos reunimos com Ricardo com o filme já montado, e seus conselhos foram fundamentais para que chegássemos ao corte final. Ricardo respeitou os fotogramas de nossos cortes e propôs valorosas mudanças na macroestrutura do filme.

No ano seguinte, junto à amiga e filósofa Marina Cavalcanti, escrevemos um ensaio intitulado Estado de Exceção – Estado de Espírito que analisava a estrutura narrativa do filme. O texto foi publicado em uma revista virtual italiana e encerra em um agradecimento a Ricardo e a Rosemberg.

 

Neste ensaio confrontamos a forma do filme em questão a uma certa estética. Naturalmente nosso intuito não foi o de transformar a crítica feita a um cinema predominante em uma denuncia formal, mas sim de resgatar alguns dos paradigmas do cinema moderno, sempre tão presentes em filmes que apresentam uma forma desafiadora, e, ao mesmo tempo, tão faltosa neste cinema de efeitos que caracterizamos ao longo do texto. (…) Agradecemos aos realizadores Luiz Rosemberg Filho e Ricardo Miranda, pelos livros de Pasolini que nos foram emprestados, pelas conversas esclarecedoras, e pelo constante empenho dos dois, cada um à sua maneira, de sempre questionar as formas e os limites da linguagem cinematográfica, a cada novo filme.

 

Rosemberg, ou apenas Rô, para os mais próximos, tem quase uma centena de filmes-discurso onde às vezes ele próprio, noutras vezes atores e atrizes, declamam manifestos mesclados às suas bricolages, formando um todo de assuntos recorrentes: Rô escreve com poesia e pessimismo ao enunciar repúdio às guerras, fazer críticas aos governos e seus chefes de estado; e com uma admiração contemplativa sem igual, faz um elogio ao cinema, à obra de arte, ao erotismo e à intelecção.

As bricolages de Rosemberg são obras de arte que podem ser consideradas à parte, mas que estão também integradas a muitos de seus filmes. Seu primeiro longa metragem, Crônica de um Industrial, foi montado por Ricardo Miranda e fotografado por Antonio Luiz, em 1978, e já carregava todas as tônicas até hoje presentes no cinema de Rosemberg.

No ano de 2013, chegou a vez de Ricardo filmar mais um conto da juventude de Flaubert: em Paixão e Virtude, o adolescente criado no estranho ambiente de um hospital já ensaiava para a sua grande obra Madame Bovary, contando a história da conturbada paixão entre uma mulher casada e seu amante.

Ao lado da companheira e roteirista Clarissa Ramalho, Ricardo pôde aprofundar a questão do narrador de maneira ainda mais complexa. Em Paixão e Virtude, tem-se a absoluta superação da figura das personagens, e o que cada um dos atores representa são modulações de sentimentos complexos e ambivalentes, evidenciando uma multiplicidade interior dentro de cada persona.

Ricardo estabelecia suas parcerias de criação com muito diálogo e amizade, e orientado pela teoria aristototélica da matéria e da forma, ofereceu não o seu filme finalizado, mas sim o conto de Flaubert como matéria para que o músico Fernando Moura executasse a sua transposição. Ricardo estava naquele momento muito mais confiante para suas escolhas: com uma equipe maior, com melhores equipamentos, e um ânimo sem igual. E foi tempo de embarcar mais uma vez em seu maravilhoso set de filmagens, de vê-lo tranquilo e ocupado, constituindo a matéria de seu cinema, transpondo suas vastas pesquisas sobre poetas da imagem, da palavra e dos sons…

Com vigorosa montagem de Joana Collier, encadeou-se a forma de Paixão e Virtude: os cortes são como símbolos a serem decifrados, onde o que se vê é um encadeamento certeiro entre a imagem que se oferece e as palavras recitadas no discurso dos personagens-narradores. Coube também a Joana montar o curta autobiográfico de Ricardo, Palavra Exata (2009), que revela a sua relação com o irmão artista plástico Ronaldo Miranda.

Para todos nós alunos, parceiros de equipe, amigos, família e apreciadores de seus filmes nas mostras e festivais, Paixão e Virtude parecia marcar a despedida de uma longa e profícua carreira como montador, e o começo, julgávamos nós, garantido de uma vida de realizado. Numa manhã de sexta-feira, Ricardo Miranda não acordou. Ricardo deixou para todos nós uma paixão pelo cinema e, nos dias que se seguiram, tivemos o prazer triste de conhecer grandes amigos e familiares nesta circunstância esvaziante. Hoje, cada um de nós pode contar histórias do Ricardo que ainda não conhecíamos, que nos alegram, e nos fazem seguir em frente, pensando em nossas vidas.

 

 

 

foto Pedro Bento

 

 

 

 

Pedro Bento é estudante de Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Formado em Montagem e Edição de Som pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro, montou os longas de ficção “Djalioh” e “Estado de Exceção”.

Documentário sobre Tim Lopes, montado por Joana Collier, estreia dia 5 de junho.

04.JUN.14 | “Tim Lopes – Histórias de Arcanjo” traça um perfil do jornalista investigativo que revelou aos brasileiros uma dura realidade. Conduzido por Bruno, filho de Tim, o filme conta a infância do repórter no Rio Grande do Sul, resgata os seus principais trabalhos e esclarece as circunstâncias de sua execução por traficantes de uma favela carioca, através de depoimentos de parentes, amigos e companheiros de trabalho, além de imagens de arquivo.

O filme tem direção de Guilherme Azevedo. Nossa associada Joana Collier, que assina a montagem do longa, nos contou sobre o trabalho:

“‘Histórias de Arcanjo’ foi um processo muito diferente dos outros documentários que eu já tinha montado. A discussão sobre todo o conteúdo foi feita na ilha de edição. Quando entrei no projeto, eles tinham algumas entrevistas já feitas, mas o Bruno, filho do Tim, ainda não tinha se assumido como o personagem principal do filme. Foi um processo duro, porque tínhamos discussões muito difíceis de como trabalhar esse protagonismo sem excessos. Cada dia eles traziam um material novo, novas situações e entrevistas. E assim, fomos discutindo os rumos do documentário até o fim. Os mestres Eduardo Escorel e Ricardo Miranda foram muito importantes para que eu conseguisse chegar a um corte final. Pois com tanta imersão, eles conseguiram trazer de volta o distanciamento crítico que eu precisava para fechar a montagem. Agradeço também a parceria de Nina Galanternick que assistiu uma das últimas versões e deu sugestões preciosas.”

Montado por Karen Akerman, o premiado “O Lobo Atrás da Porta” estreia esta semana.

02.JUN.14 | Ambientado no subúrbio carioca, O LOBO ATRÁS DA PORTA é um suspense que conta a história de uma criança sequestrada e o terror que seus pais vivem com essa tragédia.

O filme marca a estreia de Fernando Coimbra na direção de longa-metragem e participou de diversos festivais nacionais e internacionais, tendo conquistado importantes prêmios, como os de melhor filme e melhor atriz (para Leandra Leal) no festival do Rio 2013 e no Rencontres du Cinema Sud-Americain de Marseille. Foi premiado também no San Sebastian International Film Festival (melhor filme), no Miami International Film Festival – Knight Competition  (melhor filme e melhor diretor), entre outros.

Com produção de Gullane e TC Filmes, o longa foi montado por Karen Akerman, associada da edt. Sobre a experiência, Karen contou recentemente na seção Match Frame:

“Por transitar pelo suspense para narrar dois pontos de vista diferentes da mesma história, o filme ganha diversas camadas de interpretação. No roteiro já estava bem delineada essa linguagem, mas foi na montagem que construímos o desenho final para enaltecer os climas e ganhar em tensão.”

Com fotografia de Lula Carvalho, o longa tem no elenco Leandra Leal, Milhem Cortaz, Fabíula Nascimento, Juliano Cazarré, Paulo Tiefenthaler, Tamara Taxman, Emiliano Queiroz. O filme entra em cartaz nesta quinta, 05/06, com distribuição da Imagem Filmes, em diversas cidades, entre elas São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Recife.

Com montagem de Pedro Bronz, “A Farra do Circo” chega aos cinemas

26.MAI.14 | Apresentando imagens inéditas registradas na época em VHS pelo jovem cineasta Roberto Berliner e fotos de arquivos pessoais, A Farra do Circo é uma viagem de volta a uma época de efervescência da cena cultural do Rio de Janeiro, que teve repercussão no Brasil todo. O filme tem produção da TvZERO. Nosso associado Pedro Bronz, que assina a co-direção com Roberto Berliner e também a montagem do documentário, nos contou sobre o processo de edição do filme:

“As imagens que o Roberto Berliner produziu no início do Circo Voador eram maravilhosas, e me deu um prazer muito grande sentar e ficar olhando esse material, do jeito que estava, longo, sujo, tosco, cheio de insights, highlights e tudo mais. Era muito divertido dar play e assistir. Então a idéia foi essa, fazer com que o espectador sentisse o mesmo prazer que nós sentimos ao ver e rever (no caso do Roberto) o material. E para isso era preciso não editar. Ou pelo menos dar esse espírito à montagem, a não-montagem, uma sensação de material bruto. Um dos princípios que nortearam a edição foi então: não estragar. A gente queria também que as pessoas tivessem uma experiência sensorial de um show do Circo Voador daquela época (1982/3), com seus tempos mortos, os erros, os acertos, os improvisos, os hits. E nesse sentido os nortes se encontravam, pois para sentir tudo isso era preciso que o material falasse por si só, e não nós gerarmos um pensamento a partir do material. Planos longos, dar tempo de ver o cara com um cigarrinho lá atrás, deixar o couro comer. Chegamos a fazer entrevistas nos dias atuais, mas esse material gritou muito “Me tirem daqui pelo amor de Deus!”. Nós ouvimos e guardamos ele para quem sabe outra ocasião…”

O longa entra em cartaz no Rio e em São Paulo nesta sexta, 29 de maio.

Site official  http://www.tvzero.com/afarradocirco

Seção Match Frame – Natara Ney

20.MAI.14 | Natara Ney é a convidada deste mês para a Seção Match Frame. A montadora pernambucana assina a montagem dos premiados longas-metragens “A Máquina”, “O Mistério do Samba” e “O Rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas”.

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Fale sobre o projeto em que você está trabalhando atualmente.

Atualmente estou editando o documentário Divinas Divas. Direção Leandra Leal.

Qual foi o trabalho que significou o maior desafio em sua carreira e explique o porquê.

Acho que o primeiro é sempre o mais arrebatador, eu estava no Rio há muito tempo e só tinha feito assistência de montagem, quando o Paulo Caldas me chamou para montar o Rap do Pequeno Príncipe. Paulo é um diretor muito presente, então foi um processo de aprendizado e de parceria muito bom.

As recentes mudanças tecnológicas tiveram algum impacto sobre a sua forma de pensar a montagem e realizar a montagem?

Eu edito muito no papel, gosto de escrever as sequências e olhas para elas escritas, pensar qual a função delas dentro do filme. Penso muito na edição quando estou fora da sala de montagem. Então a tecnologia é apenas uma ferramenta, que sempre vai mudar, mas o meu processo é dentro do meu juízo.

Indique um filme cuja edição você admire e explique o porquê.

O primeiro que vem a minha mente é “O Homem que Engarrafava Nuvens” Tem essa vitalidade nos cortes e ao mesmo tempo uma montagem atemporal, uma costura invisível.

Fale um pouco sobre o início de sua carreira. O que te levou a ser montadora?

Me formei em jornalismo, e logo no início da faculdade consegui um estágio em uma emissora local. Depois comecei a editar alguns programas para tv, dirigidos por Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Algum tempo depois conheci o Mair e vim para o Rio ser assistente dele.  

Por que você escolheu a montagem como profissão?

Nunca imaginei que uma pessoa pudesse viver de fazer cinema, a pessoa no caso eu mesma. Fazer cinema era algo muito distante de tudo o que eu vivia, achava algo etéreo, fantasioso. O que havia em mim desde sempre era o desejo de contar histórias, de narrar fatos.  Veio então o Jornalismo como uma ferramenta para isto, algo sólido e concreto. Depois o teatro, como jogo lúdico, entrou na minha vida. Aprendi que construir uma fantasia para o público envolvia um trabalho duro, e por um tempo pensei no teatro como este caminho para o meu lado artístico. Mas numa tarde qualquer conheci Lírio Ferreira e achei a minha turma definitivamente, percebi que era possível fazer e viver de cinema. A montagem surgiu porque na época que comecei a trabalhar havia poucas mulheres fazendo isso em Recife e envolvia ferramentas que eu tinha aprendido no jornalismo e no teatro que são a estrutura narrativa e a objetividade quando se quer contar bem uma história. Enquanto o set é todo movimento e energia física, a montagem é um diálogo mais tranquilo e cerebral.

Como você acha que a associação pode contribuir para a nossa categoria? Você já notou alguma mudança? Tem alguma sugestão?

Sim, as discussões sobre o processo passaram a ser em grupo, e sinto que não estou mais sozinha para resolver os diversos tipos de problemas que surgem não só na montagem mas nas questões legais.

 

Ricardo Miranda será homenageado na Mostra de Cinema de Ouro Preto

16.MAI.14 | A 9ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto irá homenagear o montador Ricardo Miranda, falecido em março deste ano.

A Mostra irá de 28 de maio a 02 de junho, na cidade histórica mineira.

 

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Foto: Beni Jr/Universo Produção

Os incríveis vídeo-ensaios de Kogonada

 
Kogonada, nascido em Seoul, Coréia, é conhecido por seus vídeo-ensaios sobre cinema para a web. Atualmente, em paralelo à sua carreira de realizador, colabora para a revista Sight & Sound, que tem site, versões impressa e digital.
O site e a sua página do  Vimeo de Kogonada trazem seus melhores trabalhos, com vários deles escolhidos como destaque pelo staff do Vimeo.
Na sua principal linha de pesquisa, ele busca marcas, assinaturas de estilo de alguns cineastas consagrados. Nos três primeiros vídeos desse post, Kogonada, que é um mestre na montagem, se diverte selecionando e justapondo minuciosamente elementos visuais recorrentes na filmografia do cineasta escolhido, no caso, Stanley Kubrick, Quentin Tarantino, e Vince Gilligan (criador e produtor da série Breaking Bad).
 
O primeiro video-ensaio que apresento é sobre a perspectiva de um ponto fuga no cinema de Stanley Kubrik. O recurso é revelador de traços do estilo preciso, quase matemático, de seus trabalhos, e ao mesmo tempo passa a sensação de mergulho para além dos limites do real.
 

Nesse segundo vídeo-ensaio, Kogonada reúne planos que ele identifica como “From Bellow”, dos filmes de Tarantino.  Os chamados contra-plongês, o ponto de vista dos perdedores, dos mais fracos, que combina bem com seu cinema de anti-herois.
 

Coqueluche dos seriados de TV, de Breaking Bad foram separados planos do tipo POV (ponto-de-vista), muitas vezes com pontos de vista do interior de coisas, de ferramentas, e outras coisas. Passa bem a idéia de estar dentro de um buraco, do qual não se consegue sair, como o personagem não consegue fugir do seu destino de criminoso.
 

Numa variação de sua linha principal de ensaios, no próximo e maravilhoso vídeo que apresentamos acima, o objetivo de Kogonada é decifrar o timing e o estilo da edição neo-realista de Vittorio de Sica. Sempre muito minucioso, ele cria uma comparação de projeções lado-a-lado de um dos filmes de De Sica,Terminal Station ou Indiscretion of an American Housewife produzido por David O. Selznick com estrelas de Hollywood. Na esquerda, o corte de De Sica, na direita o corte do produtor Selznick, que foi exibido nos EUA. Naturalmente, a edição de De Sica é mais lenta, repleta de tempos “mortos”, remetendo ao conceito da imagem-tempo do filósofo Gilles Deleuze, com valorização de figurantes, do ambiente em volta da cena, a cidade como personagem, e esticando o tempo dramático da interpretação dos atores.

Para ajudar a entender sua experiência com o filme Terminal Station, Kogonada cita Jean-Luc Godard: “O único grande problema do cinema parece ser cada vez mais, a cada filme, quando e por que iniciar um plano e quando e por que cortar ele.”

Este último vídeo foi legendado para o espanhol pelos hermanos da associação de editores da Argentina, a EDA

 

Seção Match Frame – Marcelo Moraes

09.ABR.14 | Marcelo Moraes fala sobre sua trajetória para a Seção Match Frame. Ele ganhou diversos prêmios de montagem como pelos filmes “À Margem da Imagem”, “Meu nome não é Johnny” e “Salve Geral”, entre outros.

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“Essa foto foi tirada em 1990, é uma moviola Intercine de 6 pratos. Isso era numa produtora chamada Jodaf-Yes Rio (atual Yes), onde comecei como assistente e virei montador. Eu também mexia numa Prevost que ficava na Jodaf São Paulo. As duas eram italianas, e essa segunda era um luxo porque tinha 2 telas.”

Fale sobre o projeto em que você está trabalhando atualmente.

Terminei o longa-metragem “Os Homens São de Marte” semana passada, e tenho mais uma semana de trabalho na “Esperança é a Última que Morre”, do Calvito Leal, que deve acontecer em breve. Li o roteiro de Irmã Dulce e estou trocando algumas ideias com o Vicente Amorim, montagem que começa no dia 21 de abril.

Paralelo a esses projetos de cinema, estou editando o programa do GNT “Surtadas na Yoga” e também acabei de editar um episódio de “As Canalhas”.

Feliz que nem “pinto no lixo”.

Qual foi o trabalho que significou o maior desafio em sua carreira e explique o porquê.

Eu trabalhei com publicidade e clipe até 1999, e só aí que finalmente consegui um longa para montar. Primeiro foi “A Era dos Campeões”, do Marcos Bernstein e Cesario Mello Franco, que tentava explicar como um país como o Brasil conseguiu ganhar 8 títulos mundiais de F1 em 20 anos. Logo em seguida eu montei “À Margem da Imagem”, de Evaldo Mocarzel, que discutia o direito que cada um tem sobre sua própria imagem a partir dos moradores de rua de São Paulo. Esse filme ganhou muitos prêmios nacionais e internacionais, incluindo 4 de montagem.  Depois veio a primeira ficção que foi “O Outro Lado da Rua”, do Marcos Bernstein, com a Fernanda Montenegro. Eu ralei muito para destrinchar esses filmes, e como são os primeiros, foram sem dúvida os maiores desafios.

Em 2006, estava montando “Zuzu Angel”, do Sérgio Rezende, de quem sou muito fã desde que vi “O Homem da Capa Preta”, na minha opinião um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Então a Mariza Leão que estava produzindo “Meu Nome Não é Johnny” na mesma sala, me chamou para montá-lo. Esse foi um grande desafio no início, porque eu e o Mauro Lima não nos conhecíamos. Mas logo nos entendemos e foi tudo maravilhoso.

As recentes mudanças tecnológicas tiveram algum impacto sobre a sua forma de pensar a montagem e de trabalhar?

Quais mudanças tecnológicas? Estamos vivendo um momento bizarro, trabalhando com um software de 2007, o FinalCut 7. É um  paradoxo enorme considerando que estamos vivendo  a  Revolução Digital, turbilhão de mudanças e descobertas que se equipara à Revolução Industrial. O pior é que eu desconfio que o FinalCut 7 nunca foi tão estável, o que me leva a acreditar que o que atrapalhava eram as constantes atualizações do programa. O que torna tudo mais bizarro ainda.

Indique um filme cuja edição você admire e explique o porquê.

Posso indicar três? “After Hours” (Depois de horas), do Scorcese, é um filme que se passa numa noite, com montagem virtuosa e fez com que eu me apaixonasse definitivamente pela montagem. Vi o filme em 1985.

Tem um filme do Soderberg que se chama “The Limey”, “O Estranho” em português, que ele esbanjou invenção e categoria na montagem como um todo e especificamente nos diálogos. Acho que a parte mais sofisticada no ofício de montador são os diálogos, justamente porque parece fácil. Você tem que estar muito atento à intenção da cena, dos personagens e da narrativa, para saber o que priorizar naquele momento. Evidentemente o dono da palavra não é sempre o dono da imagem, essa pode estar no ouvinte ou até num cinzeiro que faça parte do cenário.

E por fim, o mais antigo, um clássico absoluto no nosso quesito, “O Homem Com a Camera”, do Vertov. Acho que assisti a esse filme umas 50 vezes, pelo menos. É um documentário-tese sobre o homem escolhido por Lenin para tocar o cinema naquela Rússia dos primeiros anos pós-revolução. Vale dizer que Lenin decretou que o cinema era a mais importante de todas as artes e portanto não faltavam recursos. Vertov faz um registro do cotidiano de uma cidade soviética com poesia coreográfica e conceituação filosófica, fazendo analogia entre o olho humano e a lente da câmera. Só música e imagem…sensacional, montado pela mulher dele, que aparece trabalhando na moviola.

Fale um pouco sobre o início de sua carreira. O que te levou a ser montador?

Eu comecei a trabalhar como assistente de edição de programa de TV, depois quando tentei migrar para o cinema houve o fim da Embrafilme, a maior crise do cinema brasileiro, promovida pelo então presidente Collor. Em 1992 o Brasil não produziu filme algum. Então a publicidade me pareceu interessante para aprender o ofício e ganhar algum dinheiro. Em 1988, era assistente de montagem do grande Zé Rubens, numa moviola Intercine, e 2 anos depois virei montador. O Zé foi o meu mestre.

O que me levou a ser montador… Sempre amei cinema, esperava as estreias com ansiedade, decorava os nomes dos diretores e atores. Acho que eu era inseguro para admitir que queria ser diretor, e por isso comecei a reparar nas outras funções. Quando assisti ao “After Hours”, que falei acima, percebi que a montagem era uma função autoral.

Devo dizer também que o programa “Armação Ilimitada”, da TV Globo teve importância na minha escolha profissional. Nosso querido João Paulo de Carvalho era o montador e imprimia um ritmo muito legal, moderno pra época. Já falei isso pra ele.

Como foi migrar da publicidade para o cinema, do ponto de vista da montagem?

A migração foi muito difícil. Lembro que fiquei montando meses “A Margem da Imagem” e tive que jogar tudo fora, começar do zero. A montagem já estava com quase 90 minutos. Eu estava seguindo um discurso e só depois entendi que tinha que seguir os personagens. No cinema a gente tem que se identificar, e para isso temos que humanizar os personagens. Eu detesto documentário com montagem “huguinho, zezinho e luizinho”, sabe como é? Um começa a frase, o outro continua e o terceiro finaliza. Era isso que eu estava fazendo.

Por outro lado, depois que “peguei a mão”, pude usar a concisão da publicidade e do videoclipe para tornar aquele tema árduo numa coisa mais estimulante de assistir. Lembro que alguns críticos mais acadêmicos falaram que aquilo era videoclipe..rs. Realmente, fiz um clipe só com ruídos e imagens dos moradores de rua, tentando passar a ideia de roubo da imagem deles.

Mas foi muito sofrido, eu e Evaldo brigamos muito, quase paramos de nos falar. Nós somos amigos de infância e não sei se isso facilitou ou dificultou o processo. Fizemos vários filmes depois desse, e acho que a minha experiência com comerciais, que de alguma forma tem que entreter o espectador, somou muito bem com a cultura e erudição do Evaldo. Por causa disso tudo, tenho um carinho e orgulho enorme por esse filme.

Como você acha que a associação pode contribuir para a nossa categoria? Você já notou alguma mudança? Tem alguma sugestão?

Eu acho a associação sensacional, uma grande conquista, chego a ficar emocionado de estar presente no início dessa história. Quando comecei a trabalhar, ninguém sabia o que era ser montador, chegavam a perguntar se eu montava  cavalos…rs. A contribuição é essa que já está dando, que é nos unir, nos ouvir, nos valorizar. Acho que essa primeira diretoria fez um trabalho histórico e que continua agora com a nova chapa.

Homenagem a Ricardo Miranda

28.MAR.14 | Estamos consternados com a morte de Ricardo Miranda, nosso querido sócio-benemérito. Ricardo foi um montador-autor que trabalhou com grande diretores como Glauber Rocha e Paulo Cesar Saraceni, e ainda criou sua própria filmografia com filmes de caráter inventivo. Seu último longa-metragem, Paixão e Virtude, lançado na Mostra de Tiradentes comprova que sua potência criativa estava mais viva do que nunca. Ricardo foi também professor de toda uma geração recente de editores formados pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro.

Prestamos aqui nossa homenagem a essa pessoa tão querida e generosa. Expressamos nossa mais profunda tristeza e solidariedade à família e entes mais próximos.

Neste link, encontra-se o vídeo na íntegra do encontro ocorrido no 1º Cineclube edt., em 22 de agosto de 2013. Nele, Ricardo Miranda e Martha Luz relembram como foi o processo de montagem de “Idade da Terra”. Naquela noite, o filme foi exibido, com a ordem dos rolos escolhida por sorteio, conforme vontade expressa de Glauber Rocha, à época de seu lançamento. Sem dúvida, foi uma noite histórica para a edt.

Obrigado mestre, por tudo!

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Ricardo com Eduardo Escorel e Joana Collier, sua parceira na montagem de diversos filmes

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Ricardo assina o livro de presença

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Fundação da edt. em 11/03/2012


Seção Match Frame – Karen Akerman

24.fev.14 | Karen Akerman é entrevistada do mês da coluna Match Frame. Alguns filmes recentes montados por Karen são os premiados “O lobo atrás da porta”. “Morro dos Prazeres” e “Contos da Maré”. Além de montadora, Karen é também diretora.

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1)   Fale sobre o projeto em que você está trabalhando atualmente.

 Estou em fase final de montagem de um longa –  “Aqui deste lugar”, dirigido por Sérgio Machado e Fernando Coimbra. O ponto de partida do documentário é: quem são as pessoas que recebem o Bolsa Família? Como e porque recebem? Em estilo “cinema direto”, a câmera observa a rotina dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), acompanha as Buscas Ativas e seus detalhados questionários. Após ouvir e conhecer umas tantas pessoas, habitantes das cinco regiões do país, três famílias foram escolhidas. O filme, então, entra na casa destas famílias, e vai, como a quarta parede, contemplar o cotidiano.

Estou também iniciando um filme dirigido por mim em parceria com Miguel Seabra Lopes – “Confidente” – que está sendo integralmente criado na montagem. Fizemos uma vasta pesquisa no acervo do Arquivo Nacional, e vamos construir, através de uma narrativa experimental, um sistema paranoico de repetição visual e sonora para atingir o retrato patológico de um homem.

 2)   Qual foi o trabalho que significou o maior desafio em sua carreira e explique o porquê.

Ainda guardo como grande desafio dois filmes que montei recentemente.

“O Lobo Atrás da Porta”, do parceiro de longa data Fernando Coimbra. Por transitar pela suspense para narrar dois pontos de vista diferentes da mesma história, o filme ganha diversas camadas de interpretação. No roteiro já estava bem delineada essa linguagem, mas foi na montagem que construímos o desenho final para enaltecer os climas e ganhar em tensão.

O documentário “Morro dos Prazeres”, primeira parceria com uma diretora que admiro muito – Maria Augusta Ramos. A premissa era a recente instalação de uma UPP na comunidade do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. Seguindo o estilo dos filmes anteriores da diretora, onde nunca fica totalmente claro o que de fato aconteceu e o que foi provocado – pelo rigor do posicionamento da câmera e pela própria construção de personagens – o filme trata do conflito entre os moradores e os policiais, que de repente chegam e interferem de forma intrusiva no cotidiano. Foi o trabalho mais angustiante que já participei. Estávamos ali numa situação limite, tentando buscar um equilíbrio entre as partes, tentando não julgar, já que a montagem buscou revelar os seres humanos que estão metidos neste conflito, aparentemente sem soluções.

 3)   As recentes mudanças tecnológicas tiveram algum impacto sobre a sua forma de pensar a montagem e de trabalhar?

Não existe nada mais charmoso que a moviola, mas devo admitir que me apaixonei quando conheci o Avid. Me sentia poderosa operando aquela máquina grande, rodeada por placas, decks, mixers, monitores, onde tudo acontecia de forma eficaz e veloz. Algum tempo depois, apesar de certa resistência, migrei para o Final Cut, como todos migraram. E, atualmente, adoro ter o meu final cutzinho em casa. Ou seja, a gente se adapta.

 4) Indique um filme cuja edição você admire e explique o porquê.

Todos os filmes que vi do Alain Resnais, por trabalhar a repetição e a cadência; alguns filmes do Godard, pela montagem filosófica e de invenção; Outubro, do Eisenstein, pela montagem intelectual e visionária. Para não dizer que só falei dos clássicos, recentemente assisti no cinema um filme cuja montagem me chamou a atenção: L’inconnu du Lac (em português traduzido como “Um Estranho no Lago”), de Alain Guiraudie. Pelo rigor nos cortes e precisão no ritmo, é a montagem invisível.

 5) Como você acha que a associação pode contribuir para a nossa categoria? Você já notou alguma mudança? Tem alguma sugestão?

A edt representa o fim da solidão na sala escura, no pântano dos formatos e codecs, na guerrilha sem lei do mercado. E isso é só o começo.

Descontos em cursos de Da Vinci Resolve

Caros associados,

A 2olhares oferece cursos de Da Vinci Resolve, em fevereiro, com desconto para associados da edt.

Curso de “iOS Development Training” – do dia 3 ao dia 7 de fevereiro

Página do curso: http://www.ids.com.br/treinamento/cursos-ids/ios-development-training-program/

Curso de “Técnico em Hardware Apple – (ACMT) Apple Authorized Macintosh Technician” – do dia 10 ao dia 15 de fevereiro

Página do curso: http://www.ids.com.br/treinamento/cursos-ids/tecnico-em-hardware-apple-acmt-apple-authorized-macintosh-technician/

Curso DaVinci Resolve 101 (Básico) – dias 24 e 25 de fevereiro

Página do curso: http://www.elieserjairo.com.br/davinci-resolve-101-basico/

Curso DaVinci Resolve 300 (Avançado) – dias 26 e 27 de fevereiro

Página do curso: http://www.elieserjairo.com.br/davinci-resolve-300-avancado/

Curso Looks Populares – dia 28 de fevereiro

Página do curso: http://www.elieserjairo.com.br/looks-populares/

A inscrição  deve ser  através de e-mail para o endereço treinamentos@2olhares.com,  contendo os seguintes dados:

Data do Curso

Nome completo do cliente

CPF

CEP

Telefone

Endereço

Categoria edt. (estudantes, aspirantes, Efetivos, Beneméritos e Remidos)

 

Atenciosamente,

edt. – Associação de Profissionais de Edição Audiovisual

O que é montagem?

O que é montagem? A pergunta surgiu logo depois da fundação da edt., Associação de Profissionais de Edição Audiovisual, em março de 2012. Uma das primeiras conseqüências de tão diversificado agrupamento foi a Mostra de Cinema de Montagem, iniciativa de alguns associados. O evento levou à Caixa Cultural filmes que tinham elementos de linguagem relevantes para nós, editores e montadores, e, muito melhor, para um público “civil”. Numa demonstração dos valores da edt., criou-se um concurso para a vinheta da mostra, formando canais de autoria para os associados. O que é montagem? Para quem se isola “na ilha”, para quem vê a vida passar num monitor, pergunta danada, cabra. Qualquer um de nós teria uma resposta melhor e diferente. Para os diretores, fotógrafos, produtores, diretores de arte, galera da pesada, motoristas, limpeza, as respostas seriam outras. Melhores e diferentes. Para o espectador da mostra, então, o que seria montagem? Decidi perguntar isso a colegas de profissão. Pude fazer isso em três situações distintas. Uma festa de confraternização numa produtora, um dia de trabalho cotidiano em outra, um festival de cinema internacional, o FAM. O que é montagem? As respostas são muitas, melhores e diferentes. Nessa montagem, como em quase todas: manipulação. Usei os sons diretos, coloquei música, ditei o ritmo, fotografei catálogos e livros. Determinei os planos, a duração de cada um, a ordem em que seriam vistos. Por mais que isso pareça um exercício solitário, a ilha e o monitor, o montador e a faca, o gume no olho, na vida que eu monto o segredo é ouvir.

 

 

piu-150x150PIU GOMES

Formado em Cinema e Jornalismo pela Universidade de Brasília – UnB, em 1988, Piu Gomes é editor e montador cinematográfico há 26 anos. Também atua como diretor e editor de vídeos publicitários, institucionais e musicais para produtoras independentes do Rio de Janeiro e Brasília e para emissoras de televisão. Montou de três longas e sete curtas, entre documentários e ficção.

* texto publicado originalmente no Videoguru

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